Jesus Cristo Nunca Existiu, por La Sagesse
- “Não espere ser salvo(a) por Deus nenhum, salve a si mesmo, seja você o Deus!” -
- “Jesus é miragem do deserto... faz a gente beber areia achando que é água” -
(Bruno Guerreiro de Moraes)
- “A FÁBULA de Cristo é de tal modo lucrativa que seria loucura advertir os ignorantes de seu erro”. (Papa Leão X, durante o ‘Quinto Concílio de Latrão’ - 1513-1517 - por John Bale, Clérigo)
Índice Livro - Parte [01] - [02] - [03]
Oseias 11:1 e
Jeremias 31:15-16-4-10-28 profetizam que o Messias seria chamado por Jeová, do
Egito, ligado ao pranto de Raquel pelo assassinato dos filhos. Então arranjaram
a terrível matança dos inocentes, a qual consta apenas em dois evangelhos,
sendo silenciado o assunto pelos outros dois e pelos relatos enviados a Roma.
Strauss lembra também
que a discussão de Jesus com doutores do templo, assim como a passagem de Ana e
Semeão, bem como a circuncisão, estava tudo previsto no Velho Testamento. Diz
ainda que teria ido para Nazaré após o regresso do Egito apenas para que os
Evangelhos pudessem atribuir-lhe a alcunha de nazareno.
Entretanto, Nazaré
não existia, pelo menos naquela época; era uma cidade fantasma, só passando a
existir nas páginas dos Evangelhos. Assim, Jesus foi nazareno, não por ter
nascido em Nazaré, visto que não poderia nascer em dois lugares, como também
não poderia nascer em uma cidade que não existia. Ele foi nazareno por ter sido
um comunista essênio. A anunciação e o nascimento de João Batista foram
copiados do Talmud.
As tentações de Jesus
pelo demônio, no deserto, segundo Emilio Bossi, foram copiadas das Escrituras.
Os quarenta dias passados no deserto são oriundos do cabalismo de Roma e da
crença dos babilônios, os quais atribuíam a esse número força cabalística. Por
isso, tal número repete-se várias vezes no decorrer das dissertações bíblicas:
o dilúvio descrito na Bíblia durou quarenta dias; Moisés esteve quarenta anos
na corte do Faraó; passou quarenta anos no deserto, e os ninivitas jejuaram
quarenta dias.
Ezequiel teria sido
conduzido por um espírito de um lugar para outro, através do espaço. Abraão
teria sido tentado pelo demônio; os mesmos episódios passaram ao Novo
Testamento, tendo Jesus como protagonista. Perguntamos nós: por
que tais coisas não mais se repetem? A resposta só pode ser esta: elas jamais aconteceram.
Tudo isto não passa de lendas ou sonhos, os quais foram impostos como fatos
reais.
O Talmud diz: “Então
se abrirão os olhos aos cegos e os ouvidos aos surdos”. Jesus teria de dizer:
“Então o coxo pulará como o cervo e a língua dos mudos se soltará”. Em Lucas 4:27 Jesus
cura Naamã, reproduzindo uma cura efetuada por Eliseu, de um outro leproso.
Elias e Eliseu ressuscitaram mortos, por seu lado, Jesus ressuscitaria a Lázaro.
Os discípulos de Jesus, não sabendo como curar os endemoniados, recorrem ao Mestre.
Passagem semelhante está em Eliseu, cujo servo teria recorrido a ele para curar
o filho da sunamita. A multiplicação dos pães e dos peixes é a repetição de
Moisés no
deserto, fazendo cair
maná e cordonizes. Moisés transformou as águas do rio em sangue e Jesus
transforma a água em vinho.
Em Jeremias 7:11 e
Isaías 56:7 está escrito que o templo não deve se converter em um covil de
ladrões, o que leva os evangelistas a dizer que Jesus expulsou os mercadores do
templo.
A transfiguração de
Jesus é a mesma coisa que aconteceu a Moisés, ao subir ao Monte Sinai, quando
encontrou com Jeová. Aliás, Moisés havia prometido que viria um profeta
semelhante a ele. A traição de Judas repete o mesmo acontecimento em relação a
Crestus.
A prisão de Jesus foi
descrita de modo igual no Talmud. A fuga dos apóstolos estava prevista por
Isaías. Jesus foi crucificado na Páscoa, representando o cordeiro pascal. Essas comparações
patenteiam a existência do cristianismo muito antes de Filon. Donde se deduz
que Jesus foi inventado de acordo com as Escrituras, sem esquecer de anexar as
ideias de Filon ao relato de sua pretensa vida. Fócio demonstrou que os
Evangelhos foram copiados de Filon. São Clemente e Orígenes, embora fossem padres
da Igreja, orientaram-se por Filon e não pelo bispo de Roma.
Estas citações seriam
suficientes para se provar que Jesus jamais existiu. É apenas um produto da
mente clerical, a qual o compôs baseada em mitos e lendas.
X - As Contradições
sobre Jesus Cristo
Como tudo o mais que
se refere à existência de Jesus na terra, também a sua ascendência é objeto de controvérsias.
Segundo Mateus e Lucas, Jesus descende ao mesmo tempo de David e do Espírito
Santo. Entretanto, como
filho do Espírito Santo, não poderá descender de José, consequentemente deixa
de ser descendente de David e o Messias esperado pelos judeus. Assim, Jesus
ficará sendo apenas Filho de Deus, ou Deus, visto ser uma das três pessoas da
trindade divina.
Em ambos os
evangelhos acima citados há referências quanto a data de nascimento de Jesus,
mas tais referências são contraditórias o Jesus descrito por Mateus teria onze
anos quando nasceu o de Lucas. Mateus diz que José e Maria fugiram
apressadamente de Belém, sem passar por Jerusalém, indo direto para o Egito, após
a adoração dos Reis Magos. Herodes iria mandar matar as criancinhas. Todavia,
Lucas diz que o casal estivera em Jerusalém e acrescenta a narração da cena de
que participaram Ana e Semeão. De modo que um evangelista desmente o outro.
Lucas não alude à matança das criancinhas, nem à fuga para o Egito.
Por outro lado,
Marcos e João não se reportam à infância de Jesus, passando a narrar os
acontecimentos de sua vida a partir do seu batismo por João Batista. Mateus que conta o
regresso de Jesus, vindo do Egito e indo para Nazaré, deixa-o no esquecimento,
voltando a ocupar-se dele somente depois dos seus trinta anos, quando ele
procura João Batista. Diz ainda que João já o conhecia e, por isto, não o
queria batizar, por ser um espírito superior ao seu.
Lucas narra a
discussão de Jesus com os doutores da lei, aos doze anos de idade. Sendo
perguntado pela mãe sobre o que estava ali fazendo, teria respondido que se
ocupava com os assuntos do pai.
Emilio Bossi,
referindo-se a esta passagem, estranha a atividade da mãe. Se o filho nascera milagrosamente, e ela não o ignora, só poderia esperar dele uma sequência de
atos milagrosos. Mesmo a sua presença no templo, entre os doutores, não deveria
causar preocupação à sua mãe, visto saber ela que o filho não era uma criança qualquer,
e sim um Deus.
Lucas diz que os
samaritanos não deram boa acolhida a Jesus, o que muito irritara a João.
Contudo, João, o Evangelista, diz que os samaritanos deram-lhe ótima acolhida
e, inclusive, chamaram-no de salvador do mundo.
Os evangelistas
divergem também quanto ao relato da instituição da eucaristia. Três deles
afirmam que Jesus instituiu-a no dia da Páscoa, enquanto João afirma que foi
antes. Enquanto os três descrevem como aconteceu, João silencia.
Na última noite Jesus
estava muito triste, como, aliás, permaneceria até a morte. Pondo o rosto em
terra, orou durante muito tempo. Segundo os evangelistas, ele estava de tal
modo triste e conturbado que teria suado sangue, coisa, aliás, muito estranha,
nunca verificada cientificamente.
Enquanto isto, seus
companheiros dormiam despreocupadamente, não se incomodando com os sofrimentos
do Mestre. Entretanto João não fala sobre esse estado de alma do Mestre. Pelo
contrário, diz que Jesus passara a noite conversando, quando se mostrava
entusiasta de sua causa e completamente tranquilo. Lucas, Mateus e Marcos
afirmam que o beijo de Judas denunciara-o aos que vieram prendê-lo. Todavia,
João diz que foi o próprio Jesus quem se dirigiu aos soldados dizendo-lhes
tranquilamente: “Sou eu”.
Lucas é o único que
fala no episódio da ida de Jesus de Pilatos para Herodes Antipas. Os outros
caem em contradição quanto à hora do julgamento pelo Conselho dos Sacerdotes em
presença do povo. João não fala a respeito do depoimento de Cireneu, nem na
beberagem que teriam dado a Jesus. Omite-se ainda quanto à discussão dos dois
ladrões, crucificados com Jesus, e quanto à inscrição posta sobre a cruz.
De forma que seu
relato é bastante diferente daquilo que os outros contaram. E as divergências
continuam ainda no que concerne ao quebramento das pernas, ao embalsamamento, à
natureza do sepulcro e ao tempo exato em que ele esteve enterrado. Quanto ao
embalsamamento, por exemplo, há muita coisa que não foi dita.
Teriam retirado seu
cérebro e intestinos como se procede normalmente nesses casos? Se a resposta
for positiva, como explicar o fato de Jesus, após a ressurreição, pedir comida?
Como se vê, as verdades bíblicas são além de controvertidas, incompreensíveis.
Lucas diz que Jesus
referiu-se aos que sofrem de fome sede, enquanto Mateus diz que ele se referia
aos que têm fome e sede de justiça, aos pobres de espírito. Uns afirmam que
Jesus tratara os publicanos com desprezo e ódio, outros dizem que ele se
mostrou amigável em relação a eles. Para uns, Jesus teria dito que publicassem
as boas obras, para outros, que nada dissessem a respeito. Uma hora Jesus
aconselha o uso da força física e da resistência, mandando até que comprassem
espada; noutra, ameaça os que pretendem usar a força.
Marcos, Mateus e
Lucas dizem que Jesus recomendara o sacrifício. Entretanto, não tomou parte em
nenhum deles. Mateus diz que Jesus
afirmou não ter vindo para abolir a lei nem os profetas, enquanto Lucas diz que
ele afirmara que isso já estava no passado, já tivera o seu tempo. Os três
afirmam ainda que Jesus apenas pregara na Galileia, tendo ido raramente a
Jerusalém, onde era praticamente desconhecido.
Todavia, João diz que ele ia constantemente
a Jerusalém, onde realizara os principais atos de sua vida. As coisas ficam de
modo que não se sabe quem disse a verdade, ou, melhor dizendo, não sabemos quem
mais mentiu. Ora, se Jesus tivesse realmente praticado os principais atos de
sua vida em Jerusalém, seria conhecido suficientemente, e, então, não teriam que
pagar a Judas 30 dinheiros para entregar o Mestre.
João, que teria sido
o precursor do Messias, não se fez cristão, não seguiu a Jesus, pregando apenas
o judaísmo no aspecto próprio. Entretanto, depois de preso, enviou um
mensageiro a Jesus, indagando-lhe: “És tu que hás de vir, ou teremos de esperar
um outro?”, ao que Jesus teria respondido: “Você é o profeta Elias”. Talvez houvesse
esquecido que o próprio João antes já declarara isso mesmo. Contam os
Evangelhos que, desde a hora sexta até Jesus exalar o último suspiro, a terra
cobriu-se de trevas. Contudo, nenhum escritor da época comenta tal acontecimento.
Marcos 25:25 diz que
Jesus foi sacrificado às 9 horas. João diz que ao meio dia ele ainda não havia
sido condenado à morte, e acrescenta que, a esta hora, Pilatos tê-lo-ia
apresentado ao povo exclamando: “Eis aqui o vosso rei”!
Emilio Bossi assinala
detalhadamente todas estas contradições, e as que se deram após a pretensa
ressurreição, dizendo que nada do que vem nos Evangelhos deve ser levado a
sério. O sobrenatural é o clima em que se encontra a Bíblia, e esta é apenas o
resultado da combinação de crenças e superstições religiosas dos judeus com as
de outros povos com os quais conviveram.
XI - As Contradições
Evangélicas
Mateus e Marcos
afirmam enfaticamente que os discípulos de Jesus abandonaram tudo para
segui-lo, sem sequer perguntar antes quem era ele. Em Mateus, lê-se que Jesus
teria afirmado que não viera para abolir as leis de Moisés. Contudo, esta seria
uma afirmativa sem sentido algum, visto que hoje sabemos que os livros atribuídos
a Moisés são apócrifos.
Segundo João, quando
Jesus falou ao povo, foi por este acatado e proclamado rei de Israel, aos
gritos de “Hosanna”. Mas, um pouco adiante, ele se contradiz, afirmando que o
povo não acreditou em Jesus, e imprecando contra ele, ameaçava-o a ponto de ele
haver procurado esconder-se. Mateus diz que Jesus entrara em Jerusalém, vitoriosamente,
quando a multidão tê-lo-ia recebido de modo festivo, e marchando com ele,
juncava o chão com folhas, flores e com os próprios mantos, gritando: “Hosanna ao
Filho de David! Bendito seja o que vem em nome do Senhor!” Aos que perguntavam
quem era, respondiam “Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia”. No
entanto, outros evangelistas afirmam que ele era um desconhecido em Jerusalém.
Disseram que Pilatos
estava convencido da inocência de Jesus, razão porque teria tentado salvá-lo, abandonando-o
logo a seguir, indefeso e moralmente arrasado.
João faz supor que
Pilatos teria deixado matar a Jesus, temendo que denunciassem sua parcialidade
ao imperador. Se ele não castigasse a um insurreto que se intitulara rei dos
judeus, estaria traindo a César. No entanto, tal atitude por parte de Pilatos
não combina com o seu retrato moral, pintado por Filon. Era um homem duro e tão
desumano quanto Tibério. A vida de mais um ou menos um judeu, para ambos, era coisa
da somenos importância.
Filon faz de Pilatos um carrasco, e mostra que ele, em
Jerusalém, agia com carta branca. Além disso, as reações de Pilatos com Tibério
eram quase fraternais e ele era um delegado de absoluta confiança do imperador.
Mas, como os Evangelhos foram compostos dentro dos muros de Roma, teriam de ser
de modo a não desagradar às autoridades Imperiais. Pilatos foi posto nisso
apenas porque os bens e a vida dos judeus estavam sob sua custódia. Entretanto,
como a ocupação romana foi feita em defesa dos judeus ricos, contra os judeus pobres
e os salteadores do deserto, as autoridades romanas temiam muito mais ao povo
do que a Roma.
Além disso, muitas
eram as razões para não gostarem de Pilatos nem de Herodes Antipas. Eles eram
antipáticos aos judeus pobres, por isso teriam temido a ira popular. Esta é a
razão apresentada pelos historiadores que levam a sério os Evangelhos, justificando
assim o perdão do criminoso Bar Abbas e a condenação do inocente Jesus.
Entretanto, se as
legiões romanas realmente ali estivessem naquela época, nem Pilatos nem Herodes
tomariam em consideração a opinião do povo, porque se sentiriam garantidos nos
seus postos.
Além disso, a opinião
popular é fator ainda bem novo na técnica de formação dos governos. Tudo o que
sabemos é o que está nos Evangelhos. Jesus era um homem do povo e um dos que
temiam o governo. Por isso é que em Marcos, 16:7 encontraremos Jesus
aconselhando os discípulos a fuga. Em Lucas 10:4 Jesus está aconselhando aos
discípulos a não falarem a ninguém em suas viagens.
Em Mateus 35:23
encontraremos Jesus reprovando os judeus que haviam assassinado Zacarias, filho
de Baraquias, entre o adro do templo e o altar. A história, no entanto, afirma
ser esse episódio imaginário. Flávio Josefo relata um acontecimento semelhante,
registrado no ano 67, 34 anos após a pretensa morte de Jesus, referindo-se no
caso a um homem chamado Baruch. Isto evidencia o descuido dos compiladores dos
Evangelhos, que os compuseram sem levar em conta que, no futuro, as
contradições neles encontradas seriam a prova da inautenticidade dos fatos
relatados.
Nicodemos, que teria
sido um fariseu rico, membro de Senedrin, homem de costumes morigerados e de
boa-fé, não se fez cristão, apesar de ter agido em defesa de Jesus contra os
próprios judeus. Por certo ele, como João Batista, não se convenceram da
pretensa divindade de Jesus Cristo, nem mesmo se entusiasmaram com suas pregações.
Outra ficção
evangélica é debitada a Paulo, o qual inventou um Apolo, que não figura entre
os apóstolos e em nenhum outro relato. Em Atos dos Apóstolos 18, lê-se: “Veio
de Éfeso um judeu de nome Apolo, de Alexandria, homem eloquente e muito douto
nas Escrituras. Este era instruído no caminho do Senhor, falando com fervor de
espírito, ensinando com diligência o que era de Jesus, e somente conhecia João
Batista. Com grande veemência convencia publicamente os judeus, mostrando-lhes
pelas Escrituras que Jesus era o Cristo”. Seria um judeu fiel ao judaísmo que,
segundo Paulo, procurava levar seus próprios patrícios para o Cristo? Na epístola
I aos Coríntios, diz que: “Apolo era igual a Jesus”.
Paulo, já no fim do
seu apostolado, afirma que o imperador Agripa era um fariseu convicto, e que
sua religião era a melhor que então existia. Era, assim, um divulgador do
cristianismo afirmando a excelência do farisaísmo.
Falando de Jesus,
Paulo descreve apenas um personagem teológico e não histórico. Não se refere ao
pai nem à mãe de Jesus, sendo um ser fantástico, uma encarnação da divindade
que viera cumprir um sacrifício expiatório, mas não se reporta ao modo como
teria sido possível a encarnação. Não diz sequer a data em que Jesus teria nascido.
Não relata como nem quando foi crucificado. No entanto, estes dados têm muita
importância para definir Jesus como homem ou como um ser sobrenatural. Está
patente, desse modo, que Paulo é uma figura tão mitológica quanto o próprio
Jesus.
Em Atos dos Apóstolos
28:15 e em 45 Paulo diz que, quando chegou a Pozzuoli, ele e os seus
companheiros foram ali bem recebidos, havendo muita gente à beira da estrada
esperando-os. Entretanto, chegando a Roma, teve de defender-se das acusações de
haver ofendido em Jerusalém ao povo e aos ritos romanos.
Na Epístola aos
Romanos 1:8 Paulo diz que a fé dos cristãos de Roma alcançara todo o mundo,
razão porque encerraria sua missão tão logo regressasse da Espanha, onde
saudaria um grande número de fiéis. Mas, se assim fosse, por que Paulo teve de
se defender perante os cristãos de Roma, contra o seu próprio judaísmo?
Com pouco tempo Paulo
já pensava encerrar sua missão porque o cristianismo já se universalizara.
Entretanto, ele continuava considerando como melhor religião o farisaísmo. O
cristianismo a que Paulo referia-se deveria ser anterior a Jesus Cristo, que
era o seguido pelos cristãos de Roma, e não pelos cristãos dos lugares por onde
Paulo havia passado pregando.
Eusébio disse que o
cristianismo de Paulo era o terapeuta do Egito, e Tácito disse que os hebreus e
os egípcios formavam uma só superstição.
XII - Algumas Fontes
do Cristianismo
O passado religioso
do homem está repleto de deuses solares e redentores. Na índia, temos Vishnu,
um deus que se reencarnou nove vezes para sofrer pelos pecados dos homens. No
oitavo avatar foi Krishna e, no nono, Buda. Krishna foi igualmente um deus
redentor, nascido de uma virgem pura e bela, chamada Devanaguy. Sua vinda
messiânica foi predita com muita antecedência, conforme se vê no Atharva, no
Vedangas e no Vedanta. O deus Vishnu teria aparecido a Lacmy, mãe da virgem
Devanaguy, informando que a filha iria ter um filho-deus, e qual o nome que
deveria dar-lhe. Mandou que não deixasse a filha casar-se, para que se
cumprissem os desígnios de deus. Tal teria acontecido 3.500 anos a.C. no
Palácio de Madura.
O filho de Devanaguy
destronaria seu tio. Para evitar que acontecesse o que estava anunciado,
Devanaguy teria sido encerrada em uma torre, com guardas na porta. Mas, apesar
de tudo, a profecia de Poulastrya cumpriu-se, “O espírito divino de Vishnu atravessou
o muro e se uniu à sua amada”. Certa noite ouviu-se uma música celestial e uma
luz iluminou a prisão, quando Viscohnu apareceu em toda a sua majestade e
esplendor. O espírito e a luz de deus ofuscaram a virgem, encarnando-se. E ela
concebeu. Uma forte ventania rompeu a muralha da prisão quando Krishna nasceu.
A virgem foi arrebatada para Nanda, onde Krishna foi criado, lugar este
ignorado do rajá.
Os pastores teriam
recebido aviso celeste do nascimento de Krishna, e então teriam ido adorá-lo,
levando-lhe presentes. Então o rajá mandou matar todas as criancinhas
recém-nascidas, mas Krishna conseguiu escapar.
Aos 16 anos, Krishna
abandonou a família e saiu pela Índia pregando sua doutrina, ressuscitando os
mortos e curando os doentes. Todo o mundo corria para vê-lo e ouvi-lo. E todos
diziam: “Este é o redentor prometido a nossos pais”. Cercou-se de discípulos,
aos quais falava por meio de parábolas, para que assim só eles pudessem continuar
pregando suas ideias.
Certo dia os soldados
quiseram matar Krishna, quando seus discípulos amedrontados fugiram. O Mestre repreendendo-os,
e chamou-os de homens de pouca fé, com o que reagiram e expulsaram os soldados.
Crendo que Krishna fosse uma das muitas transmigrações divinas, chamaram-no
“Jazeu”, o nascido da fé. As mulheres do povo perfumavam-no e incensavam-no,
adorando-o.
Chegando sua hora,
Krishna foi para as margens do rio Ganges, entrando na água. De uma árvore,
atiraram-lhe uma flecha que o matou. O assassino teria sido condenado a vagar
pelo mundo. Quando os discípulos procuraram recolher o corpo, não o encontraram
mais porque, então, já teria subido para o céu.
Depois Vishnu
tê-lo-ia mandado novamente à terra pela nona vez, receberia o nome de Buda. O
nascimento de Buda teria sido, igualmente, revelado em sonhos à sua mãe. Nasceu
em um palácio, sendo filho de um príncipe hindu. Ao nascer, uma luz maravilhosa
teria iluminado o mundo. Os cegos enxergaram, os surdos ouviram, os mudos falaram,
os paralíticos andaram, os presos foram soltos e uma brisa agradável correu
pelo mundo. A terra deu mais frutos, as flores ganharam mais cores e fragrância,
levando ao céu um inebriante perfume.
Espíritos protetores
vigiaram o palácio, para que nada de mal acontecesse à mãe. Buda, logo ao
nascer, pôs-se de pé maravilhando os presentes.
Uma estrela brilhante
teria surgido no céu no dia do seu nascimento. Nasceu também, nesse mesmo dia,
a árvore de Bó, a cuja sombra o menino deus descansaria. Entre os que foram ver
Buda, estava um velho que, como Semeão, recebeu o dom da profecia. Sua tristeza
seria não poder assistir à glória de Buda por ser muito velho.
Buda teria
maravilhado os doutores da lei com a sua sabedoria. Com poucos anos de idade,
teria começado sua pregação. Teria ficado durante 49 dias sob árvore de Bó, e
sido tentado várias vezes pelo demônio. Pregando em Benares, convertera muita
gente. O mais célebre de seus discursos recebeu o nome de “Sermão da Montanha”.
Após sua morte apareceria também aos seus discípulos, trazendo a cabeça
aureolada. Davadatta trai-lo-ia do mesmo modo que Judas a Jesus. Nada tendo
escrito, os seus discípulos recolheriam os seus ensinamentos orais. Buda também
tivera os seus discípulos prediletos, e seria um revoltado contra o poder abusivo
dos sacerdotes bramânicos. Mais tarde, o budismo ficaria dividido em muitas
seitas, como o cristianismo.
Quando missionários
cristãos estiveram na índia, ficaram impressionados e começaram a perceber como
nasceu o romance da vida de Jesus. O Papa do budismo, o Dalai-Lama, também se
diz ser infalível.
Mitra, um deus
redentor dos persas, foi o traço de união entre o cristianismo e o budismo.
Cristo foi um novo avatar, destinado aos ocidentais. Mitra era o intermediário
entre Ormuzd e o homem. Era chamado de Senhor e nasceu em uma gruta, no dia 25
de dezembro. Sua mãe também era virgem antes e depois do parto. Uma estrela
teria surgido no Oriente, anunciando seu nascimento. Vieram os magos com
presentes de incenso, ouro e mirra, e adoraram-no. Teria vivido e morrido como
Jesus. Após a morte, a ressurreição em seguida.
Fírmico descreveu
como era a cerimônia dos sacerdotes persas, carregando a imagem de Mitra em um
andor pelas ruas, externando profunda dor por sua morte Por outro lado,
festejavam alegremente a ressurreição, acendendo os círios pascais e ungindo a
imagem com perfumes. O Sumo Sacerdote gritava para os crentes que Mitra
ressuscitara, indo para o céu para proteger a humanidade.
Os ritos do budismo,
do mitraísmo e do cristianismo são muito semelhantes. Horus foi o deus solar e
redentor dos egípcios. Horus, como os deuses já citados, também nasceria de uma
virgem. O nascimento de Horus era festejado a 25 de dezembro.
Amenófis III criou um
mito religioso, que depois foi adaptado ao cristianismo. Trata-se da
anunciação, concepção, nascimento e adoração de Iath. Nas paredes do templo, em
Luxor, encontram-se os referidos mistérios.
Baco, o deus do
vinho, foi também um deus salvador. Teria feito muitos milagres, inclusive a
transformação da água em vinho e a multiplicação dos peixes. Em criança, também
quiseram matá-lo.
Adonis era festejado
durante oito dias, sendo quatro de dor e quatro de alegria; as mulheres faziam
as lamentações, como as carpideiras pagas de Portugal. O rito do Santo Sepulcro
foi copiado do de Adonis.
Apagavam todos os
círios, ficando apenas um aceso, o qual representava a esperança da
ressurreição. O círio aceso ficava semiescondido, só reaparecendo totalmente no
momento da ressurreição, quando então o pranto das mulheres era substituído por
uma grande alegria.
Também os fenícios, muitos
milênios antes, já tinham o rito da paixão, do qual copiaram o rito da paixão
de Cristo. Todos os deuses
redentores passaram pelo inferno, durante os três dias entre a morte e a
ressurreição. Isto é o que teria acontecido com Baco, Osiris, Krishna, Mitra e
Adonis. Nestes três dias, os crentes visitavam os seus defuntos, segundo
Dupuis, em “L’ Origine des tous les cultes”.
Todos os deuses
redentores eram também deuses-sol, como Átis, na Frígia; Balenho, entre os
celtas; Joel, entre os germanos; Fo, entre os chineses.
Assim, antes de Jesus
Cristo, o mundo já tivera inúmeros redentores. Com este ligeiro apanhado da
mitologia dos deuses, deixamos patente a origem do romance do Gólgota.
Acreditamos ter esclarecido quais as fontes onde os criadores do cristianismo
foram buscar inspiração.
XIII - Jesus Cristo,
uma Cópia Religiosa
O precedente estudo
permite-nos constatar que, nas diversas épocas da história, as religiões
transformam-se, variando em razão da complexidade cada vez maior das sociedades
em que elas existem.
Vimos que a crença em
um deus redentor é muito anterior ao judaísmo, sempre ligada à ânsia da
necessidade de redenção das tremendas aflições do populacho. Quanto a Jesus
Cristo, resultou de uma série de mitos, que os hebreus copiaram dos
babilônicos, dos egípcios e de outros povos, visando com isto dar consistência
ao judaísmo.
Estudos filológicos
forneceram as bases para o estabelecimento de um traço de união entre as
crenças dos deuses orientais e o judaísmo. Tomemos, por exemplo, as palavras
Ahoura-Mazzda e Jeová, que significam “O que é”. Partindo de velhas lendas
orientais, e baseando-se na origem comum da palavra, foi compilado o Gênese, numa
tentativa de explicar a criação do mundo. Segundo o Zend-Avesta, o Ser Eterno
criou o céu e a terra, o sol a lua, as estrelas, tudo em seis períodos,
aparecendo o homem por último.
O descanso foi posto
no sétimo dia. Manu havia ensinado, muito antes, que no começo tudo era trevas,
quando Bhrama dispersou-as, criou e movimentou a água, em seguida produziu os
deuses secundários, os anjos dirigidos por Mossura, os quais posteriormente
rebelar-se-iam contra Deus. Veio então Shiva, e arrojou-os ao inferno. Shiva
tornou-se a terceira pessoa da Santíssima Trindade Bhramânica em consequência
das sucessivas invasões bárbaras sofridas pela Índia. Os bárbaros, crendo em
Shiva, o deus da lascívia e do sensualismo, impuseram sua inclusão, com o que
surgiu a trindade divina de Bhrama.
Manu ensinara
igualmente que Deus criara o homem e a mulher, fazendo-os apenas inferior a
Devas, isto é, Deus. O primeiro homem recebera o nome de Adima ou Adam, e a
primeira mulher, Heva, significando o complemento da vida. Foram postos no
paraíso celeste e receberam ordem de procriar. Deveriam adorar a Deus, não
podendo sair do paraíso. Mas, um dia, indo ver o que havia fora dali,
desapareceram. Bhrama perdoou-os, mas expulsou-os, condenando-os a trabalhar
para viver. E disse que, por haverem desobedecido, a terra tornar-se-ia má,
porque o espírito do mal dela se apoderara.
Entretanto, mandaria
seu filho Vishnu que, se encarnando em uma virgem, redimiria a humanidade, libertando-a
definitivamente do pecado da desobediência.
Ormuzd teria prometido ao primeiro casal humano que,
se fossem bons, seriam felizes na terra. Mas Arimã mandou que um demônio em forma
de serpente aconselhasse a desobedecerem a deus. Comeram os frutos que Arimã
lhes deu, acabou a felicidade humana, e todos os que nascessem daí em diante
seriam infelizes. Sendo levados cativos para a Babilônia, os judeus ali
encontraram tal lenda. Libertos, voltando à Judeia, trouxeram essa crendice,
como também a crença da imortalidade da alma e da vida futura, dos espíritos
bons e espíritos maus, surgindo daí os anjos Gabriel, Miguel e Rafael, os querubins
e serafins. Nasceu daí o mito do diabo, o anjo rebelado.
A palavra paraíso é o
termo persa que significa jardim. Os persas, os hindus, os egípcios e os gregos
criam no paraíso. Da mesma forma, todos eles criam no inferno. Entretanto, as
crenças antigas desconheciam as penas eternas, que foram criadas pelo cristianismo,
aliás, uma das poucas coisas originárias dessa crença. Também o purgatório, naturalmente,
é outra novidade do cristianismo, sendo desconhecido do judaísmo. A ideia do purgatório
vem de Platão, que havia dividido as almas em puras, curáveis e incuráveis.
Os filhos de Adima e
Heva haviam-se tornado numerosos e maus. Por isso, Deus mandou o dilúvio para
matá-los.
Mas deu ordem a
Vadasuata para construir um barco e nele entrar com a família, devido ao fato
de ser um homem virtuoso. Deveria levar consigo, além da família, um casal de
cada espécie de animal existente: esta é a história do dilúvio relatada nos
Vedas, e que foi incluída na Bíblia dos cristãos.
As origens do
cristianismo repousam, incontestavelmente, nas lendas e crenças dos deuses
mitológicos, não apenas dos judeus, mas também de outros povos. Os caldeus e os
fenícios, como os judeus, haviam-se especializado no comércio, e por dever de ofício,
alfabetizaram-se. Assim, sabendo ler e escrever, puderam copiar as lendas e o
folclore dos povos com os quais comerciavam e conviviam, os quais puderam
adquirir longevidade e fixar-se melhor na memória humana.
Sendo comerciantes
por excelência, os judeus perceberam que a religião poderia tornar-se uma boa
mercadoria, através da qual adviria o domínio de muitos povos e vontades. Desta
forma, tendo compilado o que julgaram mais interessante ou mais proveitoso em
relação aos seus propósitos, passaram a difundir pelo mundo as suas ideias
religiosas. Com isto, o conhecimento e a razão foram substituídos pelas
crendices e superstições religiosas.
Desde há muito a
religião tem servido para moderar os impulsos humanos, sobretudo daqueles que
pertencem a uma classe social menos favorecida. Salientamos o prejuízo
que o mundo tem sofrido com o rebaixamento mental imposto com as crenças e superstições
religiosas, com o que o conhecimento sofre uma estagnação sensível.
No entanto, o homem
tem-se deixado levar pelas crenças e práticas religiosas sem que nenhum benefício
lhe advenha em retribuição. O homem tem feito tudo por si mesmo, apesar de sua
religiosidade. A única classe beneficiada realmente com a religião é a dos
sacerdote.
Retornamos ao assunto
em pauta, após uma rápida digressão. A Bíblia cita dez patriarcas que teriam
morrido em idade avançada, antes do dilúvio. Contudo, essa lenda provém da
tradição caldáica, segundo a qual dez reis governaram durante 432 anos. Da
mesma forma, as lendas hindus, egípcias, árabes, chinesas ou germânicas fazem
referência a homens que teriam tido uma longa vida, como a do Matusalém da
Bíblia.
Igualmente, a lenda
de Abraão, que deveria sacrificar o seu filho Isaac, procede de lendas
anteriores ao judaísmo. O livro das profecias hindus relata uma história igual.
Ramatsariar conta que Adgitata, protegido de Bhrama, por ser um homem de bem,
teve um filho que nasceu tão milagrosamente como Jesus. Entretanto, Bhrama,
para experimentá-lo, ordena-lhe que sacrificasse o filho. Ele obedece, mas
Bhrama impede-o no momento exato, seu filho seria o pai de uma virgem, a qual,
por sua vez, seria a mãe de deus-homem.
José e a mulher de
Putifar foi a cópia de uma velha lenda egípcia, conforme documentos
recentemente traduzidos. Era uma história intitulada “Os dois irmãos”. Emílio Bossi,
relatando o achado, dá a palavra a Jacolliot: “Um homem da Índia fez leis
políticas e religiosas; chamava-se Manu. Esse mesmo Manu foi o legislador
egípcio, Manas. Um cretense vai ao Egito estudar as instituições que pretende
dar ao seu pais, e a história confirma-nos isto dizendo que esse cretense foi
Minos.
Enfim, o libertador
dos escravos judeus chamava-se Moisés, que teria recebido as leis das mãos do
próprio Jeová. Temos, então, Manu, Manes, Minos e Moisés, os quatro nomes que predominaram
no mundo antigo. Aparecem nos albores
de quatro diversos povos para representar o mesmo papel, rodeados da mesma
auréola misteriosa, os quatro são legisladores, grandes sacerdotes e fundadores
das sociedades teocráticas e sacerdotais. Esses quatro nomes têm a mesma raiz
sânscrita. O hinduísmo deu origem ao judaísmo. Por isso, de Jeseu Krishna
fizeram Jesus Cristo”.
Documentos
recentemente estudados mostram terem sido os hindus os prováveis colonizadores
do Egito. A documentação demonstra que o conhecimento nasceu do saber hindu. A assiriologia mostra
que a lenda de Moisés foi copiada da de Sargão I, rei acádio, que igualmente
teria sido salvo em um cesto deixado no rio, à deriva.
A lenda de Sansão é
outro exemplo. Sansão representa o sol. O poder que lhe foi atribuído é o mesmo
dos deuses solares. E, assim, examinando os escritos de antigas civilizações,
chegamos ao conhecimento das origens de tudo o que a Bíblia narra como fatos
reais. Concluímos então que Jesus Cristo nada mais representa que uma cópia das
lendas e mitos dos deuses adorados por povos os mais remotos e variados.
XIV - Os Deuses
Redentores
Percebendo a
importância da luz do sol sobre a terra, o homem imaginou que essa luz seria
uma emanação protetora de Deus. Da ideia de que existia um único sol, surgiu o
monoteísmo, isto é, a crença em um só Deus.
Das palavras Devv e
Divv, que em sânscrito significam sol e luminoso, originou-se a palavra deus.
Daí, em grego, a palavra Zeus; em latim, deo; para os irlandeses, dias; em
italiano dio, etc...
A parte do tempo em
que a terra recebe a luz do sol recebeu o nome dia em oposição ao período de
trevas, a noite. O dia teria sido um presente divino, graças à luz solar.
Conseguindo produzir o fogo, aumentou a crença humana no deus sol. Graças ao
fogo, o homem pôde libertar-se de um dos seus maiores inimigos, que era o frio,
assim como passou a cozinhar os seus alimentos. Devendo cada vez mais a vida ao
calor, a gratidão do homem para com o sol cresceu ainda mais. Foi assim que nasceu
o mito solar, do qual Jesus Cristo é o último rebento.
Por uma série de
ilações, chegaram igualmente à concepção do significado místico da cruz. Dos
raios solares foi criada uma cruz, espargindo raios por todos os lados. Da
mesma forma foi a ideia do Espírito Santo, um espírito benfazejo, que irradia a
bondade divina. Depois a sequência mística do sol, o fogo e o vento, dando
origem a Salvitri, Agni e Vayu, do mito védico.
O rito védico celebra
o nascimento de Salvitri, o deus-sol, em 25 de dezembro, no solstício, quando
aparecem as refulgentes estrelas. As estrelas trazem a boa nova, a perspectiva
de boas colheitas. Daí os sacrifícios e os ritos propiciatórios oferecidos ao
deus-sol.
Assim os cristãos
encontraram o seu Jesus Cristo. A vida dos deuses redentores é a vida do sol.
Por isso, todos eles tiveram suas datas de nascimento fixadas em 25 de
dezembro: Mitra, Horus e Jesus Cristo. Também é simbólica a ressurreição na primavera,
tempo da germinação e das folhas novas. Baseando-se nisto, Aristóteles e Platão
admitiram uma certa racionalidade dos que adoravam o sol.
Heródoto e Estrabão
diziam que Mitra era o deus-sol, tendo por emblema um sol radiante. Plutarco
conta que o culto de Mitra veio para a Sicília trazido pelos piratas do mar. Em
escavações feitas no solo italiano, foram encontradas placas de barro
solidificados ao sol trazendo esta inscrição: “Deo Soli Invicto Mitrae”,
lembrando o deus dos persas.
Niceto escreveu que
certos povos adoraram a Mitra como o deus do fogo, outros como sendo o
deus-sol. Júlio Fírmino Materno disse que Mitra era a personificação do deus
fogo, enquanto Aquelau considerava-o o deus-sol.
São Paulino descreveu
os mistérios de Mitra como sendo os de um deus solar e redentor. Karneki, rei hindo-escita,
no começo de nossa era, mandou cunhar moedas em que se vê a efígie de Mitra
dentro de um sol radiante. Mitra ainda era representado com um disco solar na
cabeça, segurando um globo com a mão esquerda.
Do mesmo modo os
cristãos representam Jesus Cristo. Era o Senhor. Ao surgir o cristianismo, os
cristãos primitivos ainda chamavam o sol de “Dominus”, com o que, lentamente,
foi absorvendo o ritual mitráico.
No Egito, o sol era o
“Pai Celestial”. Um obelisco trazido para o Circo Máximo de Roma trazia esta inscrição:
“O grande Deus, o justo Deus, o todo esplendente”, tendo um sol espargindo seus
raios para todos os lados.
Da mesma forma, todos
os deuses dos índios americanos pertenciam ao rito solar, assim como os deuses
dos hindus, dos chineses e japoneses. Os caldeus, adorando o sol como seu deus,
dedicaram-lhe a cidade de Sípara, onde ardia o fogo sagrado, eternamente, em
sua honra. Em Edessa e em Palmira foram encontrados templos dedicados ao
deus-sol. Orfeu considerava o sol como sendo o deus maior. Agamenon disse que o
sol era o deus que tudo via e de que tudo provinha.
Os judeus e os
líderes do cristianismo, para a formação deste, só tiveram de adaptar as
crenças e rituais antigos a um novo personagem: Jesus Cristo. Toda a roupagem
necessária para vestir o novo deus preexistia. Apenas fazia-se necessário
amoldá-la um pouco.
XV - Jesus Cristo É
um Mito Solar
Tendo em vista o
completo silêncio histórico a respeito de Jesus Cristo, bem como as evidentes
ligações deste com o mito dos deuses-solares, Dupuis escreveu o seguinte: “Um
deus nascido de uma virgem, no solstício do inverno, que ressuscita na Páscoa,
no equinócio da primavera, depois de haver descido ao inferno; um deus que leva
atrás de si doze apóstolos, correspondentes às doze constelações; que põe o
homem sob o império da luz, não pode ser mais que um deus solar, copiado de
tantos outros deuses heliosísticos em que abundavam as religiões orientais.
No
céu da esfera armilar dos magos e dos caldeus via-se um menino colocado entre
os braços de uma virgem celestial, a que Eratóstenes dá como Ísis, mãe de
Horus. Seu nascimento foi a 25 de dezembro. Era a virgem das constelações
zodiacais. Graças aos raios solares, a virgem pôde ser mãe sem deixar de ser
virgem… Via-se uma jovem ‘Seclanidas de Darzana’, que em árabe é ‘Adrenadefa’,
e significa virgem pura, casta, imaculada e bela… Está assentada e dá de mamar
a um filho que alguns chamam de Jesus e, nós, de Cristo”.
Já vimos que Jesus
repete todos os mistérios dos deuses solares e redentores, pelo que Heródoto,
Plutarco, Lactâncio e Firmico puderam afirmar que esse deus redentor é o sol.
De modo que Jesus é apenas mais um deus solar.
Ainda hoje, grande
parte do rito cristão é de origem solar. Na Bíblia, encontramos estas palavras:
“Deus estabeleceu sua tenda no sol”, e ainda: “Sobre vós que temeis o meu nome,
levantar-se-á o sol da justiça e vossa vida estará em seus raios”.
João diz que “o verbo
é a lei, a luz e a vida, a luz que Ilumina a vista de todos os mortais, a luz
do mundo”. E ainda chama a Jesus de o “cordeiro”, o “Agnus Dei qui tollit
peccata mundi”. Com isto, o Apocalipse fez de Jesus o “cordeiro pascal”, e a
Igreja adorou-o sob a forma de um cordeiro até o ano de 680. Era o Cristo o
Áries zodiacal, vindo de Agnus, com a significação de fogo, o sol condensado.
Origenes justificava
a adoração do sol tendo em vista a sua luz sensível e também pelo aspecto
espiritual. Tertuliano reconheceu que o dogma da ressurreição tem sua origem na
religião persa de Mitra. Para S. Crisóstomo, Jesus era
o sol da justiça, para Sinésio, o sol intelectual. Fírmico Materno descreveu
Jesus baixando ao inferno, esplendente como o sol.
O domingo, o dia do
Senhor, o dia do descanso, procede de Dominus, o deus-sol, o Senhor. Segundo
Teodoro e Cirilo, para o maniqueus Cristo era o sol. Os Saturnilianos
acreditavam que a alma tinha substância solar, deixando o corpo e voltando para
o sol, de onde proviera, após a morte. O antigo rito do batismo
determinava que o catecúmeno voltasse o rosto em primeiro lugar para o
ocidente, para retirar de si a satanás, símbolo das trevas.
Igualmente, as festas
do sábado santo são reminiscências do mito da luta do sol contra as trevas, na
Páscoa. As orações desse ofício são cópia dos hinos védicos. A palavra aleluia,
que era o grito de alegria dos persas, adoradores do sol, quando na Páscoa
festejavam a sua volta, significa: elevado e brilhante.
Foram necessários
muitos séculos para que a igreja pudesse alienar um pouco do que lembrava que o
seu culto era de um deus solar. Entretanto, a história escrita é inflexível, e
demonstra que todos os deuses redentores ou solares foram tão adorados quanto o
mitológico Jesus Cristo. E embora tenha havido longas fases em que foram impostos
a ferro e fogo, nem por isto deixaram de cair, nada mais sendo hoje do que o pó
do passado religioso do homem.
O certo é que Jesus
Cristo é mitológico de origem, natureza e significação. O seu surgimento
ocorreu para atender à tendência religiosa e mística da maioria, que ainda hoje
teme as realidades da vida e, portanto, procura, para orientar-se, algo fora da
esfera humana, na esperança de assim conseguir superar a si mesmo e aos obstáculos
que surgem quotidianamente.
O cristianismo é
produto de tendências naturais de uma época, aproveitadas espertamente pelos
líderes do cristianismo. O judeu pobre e oprimido, não tendo para quem apelar,
passou a esperar de Deus aquilo que o seu semelhante lhe negava. O sacerdote,
valendo-se do deplorável estado de espírito de uma população faminta e, sobretudo,
desesperançada, ressuscitou um dentre os velhos deuses para restaurar a
esperança do povo judeu.
E, assim, surgiu mais
um mito solar, mais um deus com todos os atributos divinos, tal como os que
antecederam. O novo deus solar em questão é Jesus Cristo.
XVI - Outras Fontes
do Cristianismo
Conforme temos dito
repetidas vezes, o cristianismo tomou por empréstimo tudo quanto se fez
necessário à sua formação. Assim, todos os ensinamentos atribuídos a Cristo
foram copiados dos povos com os quais os judeus tiveram convivência. A sua
moral, a moral que Cristo teria ensinado, aprendeu-a com os filósofos que o antecederam
em muitos séculos.
De sorte que não há
inovações em nenhum setor ou aspecto do cristianismo. Antigos povos, milênios
antes, adoraram seus deuses semelhantemente. Dentre as máximas
adotadas pelo cristianismo, comentaremos a seguinte: “Não faças aos outros o
que não queres que a ti seja feito”. Este ensinamento não teria partido de
Jesus, conforme pretendem os cristãos, não sendo sequer uma máxima cristã,
originariamente.
Encontrá-la-emos em
Confúcio, e ainda no bramanismo, no budismo e no mazdeismo, fundado por Zoroastro.
Era uma orientação filosófica
e religiosa, adotada pelos hindus. A originalidade do cristianismo consistiu
apenas em criar as penas eternas, um absurdo desumano e irracional. Enquanto
isso, o mazdeismo cria a possibilidade de regeneração do pior bandido,
admitindo mesmo a sua plena reintegração no seio da sociedade.
O perdão aos inimigos
foi, muito antes de Jesus, aconselhado por Pitágoras. Os egípcios religiosos
praticavam uma moral muito elevada. No “Livro dos Mortos” encontramos a confissão
negativa, de acordo com a qual a alma do morto comparecia ante o tribunal de
Osiris e proferia em alta voz as suas más ações.
O sentimento de
igualdade e fraternidade para com os homens foi ensinado por Filon. O
cristianismo adotou os seus ensinamentos, atribuindo-os a Jesus. São de Filon
as seguintes palavras: “Os que exaltam as grandezas do mundo como sendo um bem,
devem ser reprimidos.”; “A distinção humana está na inteligência e na justiça, embora
partam do nosso escravo, comprado com o nosso dinheiro.”; “Porque hás de ser
sempre orgulhoso e te achares superior aos outros?”; “Quem te trouxe ao mundo?
Nu vieste, nu morrerás, não recebendo de Deus senão o tempo entre o nascimento
e a morte, para que o apliques na concórdia e na justiça, repudiando todos os vícios
e todas as qualidades que tornam o homem um animal”; “A boa vontade e o amor
entre os homens são a fonte de todos os bens que podem existir”. Como vemos,
não há nada de novo no cristianismo.
Platão salientou a
felicidade que existe na prática da virtude. Ensinou a tolerância à injúria e
aos maus tratos, e condenou o suicídio. Recomendou o humanismo, a castidade e o
pudor, e condenou a volúpia, a vingança e o apego demasiado aos bens. Sua moral
baseou-se na exaltação da alma, no desprezo dos sentidos e na vida contemplativa.
O Padre Nosso foi copiado de Platão. Quem conhece bem a obra de Platão percebe
os traços comuns entre a mesma e o cristianismo. Filon inspirou-se em Platão e,
a Igreja, na obra de Filon, que helenizou o judaísmo.
Aristóteles afirmou
que a comunidade repousa no amor e na justiça. Admitia a escravatura, mas
libertou os seus escravos. Poderiam existir escravos, mas não a seu serviço. A
comunidade deveria instruir a todos, independentemente da classe social, com o
que ensinou o evangelho aos Evangelhos.
A abolição do
sacrifício sangrento não foi introduzida pelo cristianismo. Não lhe cabe tal
mérito. Gélon, da Sicília, firmando a paz com os cartagineses, estipulou como
condição a supressão do sacrifício de vidas animais aos seus deuses.
Sêneca aconselhava o
domínio das paixões, a insensibilidade à dor e ao prazer. Recomendava
igualmente a indulgência para com os escravos, dizendo que todos os homens são
iguais. Referia-se ao céu como fazem os cristãos, afirmando que todos são
filhos de um mesmo pai. Concebia como pátria o Universo. Os homens deveriam se
ajudar e se amar mutuamente. Enquanto isso, o humanismo cristão limitou-se
apenas aos irmãos de fé. O bem visa somente a salvação da alma, o que é
egoísmo, nunca humanismo. Sêneca manifestou-se contrário à pena de morte; o
cristianismo, ao contrário, é responsável por inúmeras execuções. Admitia a tolerância
mesmo em face da culpa. Em vez de perseguir e punir, por que não persuadir,
ensinar e converter?
Epíteto e Marco
Aurélio foram bons professores dos cristãos. Os filósofos greco-romanos foram grandes
mestres da moral cristã e da consolação, sem que para isto criassem empresas,
negócios ou castas. O cristianismo existente antes de Jesus Cristo já pregava a
moral anterior ao martírio do Gólgota.
A moral cristã não
veio de Jesus Cristo nem dos Evangelhos, mas nasceu da tendência natural para o
aperfeiçoamento do homem. Não fosse a destruição sistemática de antigas
bibliotecas, determinada pelo clero no intuito de preservar os seus escusos
interesses, hoje seria possível patentear com documentos à mão que a moral
anterior à cristã era bem melhor do que esta, tendo-lhe servido de modelo.
Assim, vê-se que a
moral jamais foi patrimônio de castas ou de indivíduos, sendo uma lenta
conquista da humanidade, com ou sem religião, e mesmo contra ela. Por isso é
que o mundo racionaliza-se continuamente, e avança sempre no sentido do seu aperfeiçoamento.
A bondade humana independe da ideia religiosa. A razão ensina-nos o que devemos
ao nosso meio social, independentemente da fé e da religião.
Para justificar o
aparecimento de Jesus, fez-se necessário recorrer a uma moral que, no entanto,
já era um patrimônio da humanidade. Jesus nada mais foi do que a materialização
de qualidades que já existiam. Por isso, mesmo em moral, Jesus foi ator, não
autor. O cristianismo apenas sistematizou e industrializou essa velha moral, estabelecendo-a
como um rendoso comércio. A Igreja é responsável pela deturpação dessa moral.
Havia a moral pela moral, que foi substituída pela moral bíblica, em que só se
é bom para ganhar o céu. Superpondo-se um grupo empresarialmente forte,
extinguiu-se a moral individual.
XVII - Judaísmo e
Cristianismo
Pesquisas recentes e
estudos comparados têm demonstrado que a mitologia judaico-cristã é bem
anterior ao próprio judaísmo, quando se percebe que dogmas como o da
imortalidade da alma, da ressurreição e do Verbo encarnado são muito anteriores
ao cristianismo.
A imortalidade da
alma já era multimilenar quando os judeus foram levados cativos para a
Babilônia. Zoroastro ensinara, muito antes, ser a alma imortal, e que essa
imortalidade seria produto de uma opção humana. O livre arbítrio levaria o
homem a escolher uma vida que o levaria ou não à imortalidade. O erro e o mal
produziriam a morte definitiva, a prática do bem, a imortalidade.
Do mesmo modo, na
Ciropédia, bem anterior a Zoroastro, lê-se que Ciro, moribundo, disse: “Não
creio que a alma que vive em um corpo mortal se extinga desde que saia dele, e
que a capacidade de pensar desapareça apenas porque deixou o corpo que não tem
como pensar por si mesmo”. Por outro lado Einstein, pouco antes de morrer, declarou
não crer que algo sobrasse do ser vivo após a morte.
Os egípcios, os
hindus, os sumérios, os hititas e os fenícios criam na imortalidade da alma. A ressurreição foi um dos fundamentos do Zend-Avesta. Zoroastro também ensinou
que o fim do mundo seria precedido por um grande acontecimento, a ser predito
por profetas. Os persas tiveram os seus profetas, que foram Ascedermani e
Ascerdemat, os quais passaram à Bíblia sob os novos nomes de Enock e Elias,
entidades míticas, como se vê. Desses mitos surgiram o Talmud e os Evangelhos,
o que mostra que, em religião, a ideia original pertence à noite dos tempos.
A doutrina do Verbo
já era antiquíssima no Egito. Deus teria gerado Kneph — a palavra, o Verbo —,
que é igual ao pai. Da união de Deus com o Verbo nasceu o fogo, a vida, Fta, a
vida de todos os seres.
O monoteísmo e a
Santíssima Trindade eram crenças muito antigas na Índia. Os deuses únicos e os
deuses secundários são uma velha doutrina oriental. A religião greco-romana já
possuía o seu Apolo e Zeus, acolitados por uma porção de deuses secundários.
Essas velhas lendas deram origem ao Deus do cristianismo, com toda sua corte de
santos e anjos.
O politeísmo de há muito vinha caminhando para o monoteísmo. Os
gregos já haviam concebido a ideia de um intermediário entre os homens e
Júpiter, que era Apolo, tendo-se encarnado para redimir os homens. Porfírio citou o
seguinte oráculo de Serapis: “Deus é antes e depois e ao mesmo tempo, é o Verbo
e o Espírito, como um e outro”.
O mundo antigo cria
em um Deus único, pai de todas as coisas, afirmou Máximo de Tiro. O povo então
já dizia: Deus o sabe! Deus o quer! Deus o abençoe! Os oráculos só se referiam
a Deus e não aos deuses. Os apologistas do
cristianismo, tais como Eusébio, Agostinho, Lactâncio, Justino, Atanásio e
muitos outros, ensinavam que unidade de Deus era conhecida desde a mais remota
antiguidade. Os órficos, inclusive, admitiam-na.
Na Bíblia, ao ser
traduzido para o grego e para o latim, o nome de Deus passou a ser muitas vezes
Senhor, Dominus, para ficar conforme o nome do Deus-sol do mitraísmo. O amor a Deus foi a
base de todas as religiões copiadas pelo judaísmo. Isaías falava de Deus como
Pai Celestial. Ezequiel dizia que Deus não queria a morte do pecador,
preferindo antes a sua conversão. O justo viverá eternamente pela fé. São
palavras de Habacuc, repetidas por Paulo em Gálatas 3:2.
Como vimos, a
doutrina do Verbo vem de Platão, tendo sido este o intermediário entre os
metafísicos e os cristãos. Foi ele quem concebeu a ideia da separação do corpo
e da alma, e pôs aquele na dependência desta. Na sua opinião, a
terra era o desterro da alma. Foi o criador do sistema filosófico da decadência
moral do homem, fazendo dos sentidos uma ameaça, do mundo um mal, e da
eternidade o delírio, o sonho.
Cícero e Sêneca
tinham ideias cristãs, mas não conheceram a Jesus Cristo nem ao cristianismo.
Agostinho leu as obras de Cícero e trocou o maniqueísmo pelo cristianismo. A
Igreja procurou destruir as principais obras de Cícero e de Sêneca para que a
posteridade não percebesse que eles não tinham sido cristãos seguidores de Cristo,
mas apenas que as suas ideias coincidiam com as que o cristianismo esposou.
O cristianismo nasceu
da helenização do judaísmo. Os cristãos terapeutas abandonaram o judaísmo
ortodoxo porque este tinha posto de lado o culto nacional do templo e o
sacrifício Pascal, retirando-se para uma vida contemplativa nos montes, longe
dos homens e dos negócios. Estabeleceram uma sociedade comunal, considerando o
casamento um apego à carne, um empecilho à salvação da alma, com o que
proscreveram os principais prazeres da vida, exaltando o celibato e a pobreza,
como os essênios, além de aconselhar a caridade.
Eusébio chamou aos
terapeutas de cristãos sem Cristo. Para ele, um terapeuta era um autêntico
cristão. Isto levou Strauss a escrever: “Os terapeutas, os essênios e os
cristãos dão sempre muito o que pensar”.
A doutrina dos essênios,
a moral dos terapeutas, a encarnação do Verbo, vinda do judaísmo helenizado, é
o cristianismo de Filon. Desse modo, Filon foi criador do cristianismo, sem o
saber. Ele refere-se ao Verbo nos termos da mitologia egípcia, sem, contudo,
mencionar a crença em Jesus Cristo. Salomão fez da
sabedoria divina a criação. O Livro da Sabedoria define a natureza desse princípio
intermediário, transformando o pensamento vago do rei judeu sobre a sabedoria
da doutrina do Verbo.
Sirac, em
“Eclesiástico”, faz a doutrina do Verbo ser mais precisa: “A sabedoria vem de
Deus, estando sempre com ele. Foi criada antes de todas as coisas. A voz da
inteligência existe desde o princípio. O Verbo de Deus, no mais alto do céu, é
a fonte da sabedora”! Filon disse que o Verbo se fizera humano. Segundo ele,
Deus era infalível e inacessível à inteligência humana, não nos alcançando
senão pela graça divina. Para ele, ainda, o Verbo não era apenas a palavra, mas
a imagem visível de Deus. O Verbo seria o Ungido do Senhor, o ideal da natureza,
o Adão Celeste, é a doutrina da encarnação do Verbo, tomando a forma humana. O
Verbo é o intermediário entre Deus e os homens. Diz ainda que o Verbo é o pão da
vida. Por ai vemos que não foi o Cristo o criador do cristianismo, mas este é
que o criou.
Clemente de
Alexandria, Origenes ou Paulo, assim como os primeiros padres do cristianismo,
jamais se referiram a Jesus Cristo como tendo sido um homem que tivesse caminhado
do Horto ao Gólgota, mas tiveram-no apenas como o Verbo, conforme a doutrina de
Platão e de Filon.
XVIII - O Cristianismo
sem Jesus Cristo
Está patente a
existência do cristianismo sem Cristo. A existência do clero, por outro lado,
foi uma exigência bramânica. Pregando por meio de parábolas, os sacerdotes
faziam-se necessários para esclarecer o sentido das mesmas. Justifica-se,
assim, o pagamento com as esmolas dos crentes. Ensinavam a religião e
apoderavam-se do dinheiro. Suas terras e os templos já eram isentos dos
impostos. O sumo-sacerdote não se casava e era venerado como um deus.
No budismo, tanto os
bonzos como os mosteiros são mantidos pela comunidade, e os monges, igualmente,
não se casam. O Dalai-Lama é o Vigário de Deus, o sucessor de Fó, sendo
Infalível como o Papa se diz ser. Nos mosteiros todos se chamam de irmãos.
O clero persa era
dividido em ordens hierárquicas, e tinha o direito a um décimo da renda da
comunidade. Os magos persas, como os profetas judeus, eram puros e não
trabalhavam. No Egito, a classe
mais alta era a dos sacerdotes. Elegiam o rei e limitavam a sua ação. O povo
arrendava as terras do templo. Só o clero ensinava a religião e presidia aos sacrifícios.
O regime era teocrata e todos tinham de submeter-se às regras eclesiásticas. O
sacerdote era o adivinho, fazia os oráculos, as profecias, os sortilégios e os
exorcismos. Afirmava ter força sobre a natureza, para o bem da humanidade.
Os brâmanes
procuravam afugentar os malefícios e as maldições. Para isto, cultivam certas plantas,
como o lótus e o cânhamo, das quais faziam licores como o “amrita”, que possuía
virtudes milagrosas. Tinham as mesmas modalidades de expiação ainda hoje
adotadas pelo cristianismo. As mortificações
hindus são as mesmas praticadas pelos cristãos medievais. Certos crentes
carregaram durante toda a vida enormes colares de ferro, outros, pesadas
correntes de ferro. Alguns se marcavam com o ferro em brasa, avivando a ferida
todos os dias. Muitos vão rolando deitados até Benares, pagar ali suas
promessas.
Também usam sandálias
cravadas de finos pregos, os quais entram pelas solas dos pés. No Egito, os
sacerdotes de Ísis açoitavam-se em sua honra, expiando, com isso, suas próprias
culpas e as do povo.
Entre os gregos havia
a água lustral para as expiações e para as propiciações. Os sacerdotes de
Dodona feriam-se e os de Diana praticavam tais coisas em seus corpos, que às
vezes punham em perigo a própria vida.
Os romanos procuravam
livrar-se das calamidades públicas oferecendo aos seus deuses sacrifícios
humanos. Os Indostânicos tornavam-se celibatários, pediam esmolas, jejuavam e
isolavam-se do convívio com outras Pessoas.
No budismo, as
crianças eram ensinadas a fazer votos de castidade. O governo concedia honras
especiais ao que chegavam aos 40 anos castos. No Egito, existiam mosteiros
apropriados para os que faziam votos de castidade. Também os sacerdotes de
Baco, na Grécia, faziam tais votos. Os sacerdotes de Cibele eram castos e castrados.
Em Roma, as vestais viviam em mosteiros, indo para eles até aos seis anos de
idade, e juravam não deixar extinguir-se o fogo sagrado e manterem-se virgens.
A que faltasse ao juramento seria enterrada viva e, o amante, condenado à
morte.
Os budistas
consagravam o pão e o vinho, representando o corpo e o sangue de Agni, quando
os bonzos aspergiam os crentes. Enquanto aspergem água lustral, cantam hinos ao
sol e ao Fogo, o “Kirie Eleison” que os católicos copiaram e cantam ou recitam
durante a missa. Inicialmente o sacrifício constava da imolação de uma pessoa,
a qual posteriormente foi substituída pela hóstia. Tal como o padre católico, o
sacerdote budista também lava as mãos antes das libações. A cerimônia budista é
em tudo semelhante há missa da Igreja Católica.
Os persas tinham, em seus
ritos religiosos, a eucaristia, ou seja, a mesma oferenda do pão e do vinho que
também consta do ritual da missa, bem como o Pater Noster, o Credo e o
Confiteor. Na Grécia, rezava-se
pela manhã e à noite. Os etruscos juntavam as mãos quando oravam. Também a
confissão lá era praticada pelos persas. O ritual do catolicismo tem muito do
ritual mitraico, assim como a vestimenta dos sacerdotes católicos foi copiada
do figurino dos sacerdotes de Mitra.
Muitas das religiões
pré-cristãs já festejavam a Páscoa e a Natividade. Os persas inclusive
dedicaram um dia aos mortos. E, no dia em que o filho começava a receber instrução
religiosa, havia festa na casa dos pais.
Entre os gregos, cada
dia da semana era dedicado a um deus. Os Hindus viviam peregrinando de um templo
para outro. Criam na existência de dias bons e dias maus, como também em
sortilégios e malefícios. Cada pessoa era dedicada a um anjo que a protegia
desde o nascimento.
Benziam as vacas, os
instrumentos agrícolas e animais domésticos. A história do passado religioso do
homem está repleta de virgens puras e belas, que são as mães dos deuses.
Maria, mãe de Jesus
Cristo, é apenas mais uma dentre tantas outras. Igualmente, as procissões
constituem práticas multimilenares. É antiquíssima tal modalidade de culto. Juno
e Diana passearam em andores durante muitos séculos. As cidades sempre se
enfeitaram à passagem dos santos e dos deuses.
Por aí vemos que nem
Jesus nem o cristianismo têm nada de original. A veneração das imagens já era
muito anterior ao cristianismo. Por outro lado, o judaísmo, que as baniu, não
foi, entretanto, o primeiro a tomar tal atitude. Plutarco disse que os tebanos
não as usavam, assim como Numa Pompílio proibiu os romanos de usarem-nas,
durante o seu governo. O batismo era uma cerimônia praticada pelos antigos
muito antes de se cogitar, sequer, do nome de cristão. Os hindus lavam o
recém-nascido em água lustral, dando-lhe um nome de um gênio protetor. Aos oito
anos, a criança aprende a recitar os hinos ao Deus-Sol. A extrema-unção também,
de há muito antes do cristianismo, era praticada pelos hindus.
Copiando detalhes dos
ritos e cultos de uma grande variedade de seitas, o cristianismo constituiu o
seu próprio ritual, tudo girando em torno do Deus-Sol, no qual, por fim,
vestiram a roupa de Jesus Cristo.
FIM
Autor: La Sagesse - Fonte: A realidade dos FATOS.
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- “Nós não queremos ser indelicados, mas temos que ser factuais. Não queremos magoar os sentimentos de ninguém, mas queremos ser academicamente corretos naquilo que compreendemos e sabemos ser verdadeiro. O cristianismo não é baseado em verdades. Consideramos que o cristianismo foi somente uma história romana, desenvolvida politicamente”- (Jordan Maxwell, pesquisador escritor, denunciador das conspirações mundiais).
Bruno Guerreiro de Moraes, apenas alguém que faz um esforço extraordinariamente obstinado para pensar com clareza...
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