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Senado, Janaina Paschoal revela fragilidade do impeachment:
A participação de Janaina
Paschoal, autora do impeachment, na comissão especial do Senado foi conturbada.
Sem argumentos e preparo para fundamentar sua acusação, a advogada chorou,
vociferou e pediu para ir ao banheiro diversas vezes
Por cerca de 12 minutos, Janaína afirmou nunca ter tido contato com
ambos dos mencionados pelos senadores, e passou a ser criticada por utilizar o
tempo de esclarecimento sobre a denúncia para explicar fatos pessoais. Parlamentares
questionaram a falta de precisão da advogada em relação aos fatos apresentados
no documento de denúncia.
Gritos
Perto da 0h desta sexta-feira, 29, quando a sessão na Comissão Especial
do impeachment já andava morna, a denunciante Janaína Paschoal se exaltou com o
senador Telmário Mota (PDT-RR) depois que ele questionou se ela era advogada do
procurador da República Douglas Kirchner – demitido pelo Conselho Nacional do
Ministério Público em função da suspeita de agredir e torturar a esposa. “Não
quero! Não vou admitir”, gritou.
Após se exaltar, a advogada levou uma bronca do presidente da comissão,
senador Raimundo Lira (PMDB-PB). “Por favor, vamos falar em um tom compatível
com o ambiente em que nós estamos”, disse. Convidada para detalhar o pedido de impeachment da presidente Dilma
Rousseff que tramita no Congresso, Janaína rebateu que “seu cliente nunca bateu
na mulher” e que a autoria das agressões é de uma tia da vítima. “Tudo tem
limite, meus clientes são sagrados”, protestou, retirando-se da sala. A
advogada chegou a pedir para sair da sala outras vezes. O senador Telmário Mota treplicou dizendo que fez várias perguntas
técnicas sobre o embasamento jurídico da denúncia contra Dilma e que a questão
sobre o procurador era secundária. Janaína retornou à mesa e pediu desculpas ao
presidente pelo comportamento.
‘Heroína’
Aceitando os elogios de senadores de oposição que a trataram como uma
heroína, Janaína incorporou a figura e revelou seu desejo de estender sua ação
política para outros países. A advogada chorou várias vezes durante a comissão
especial do Senado que avalia o processo de afastamento de Dilma. E revelou que
vai ampliar sua “luta” pela América Latina. Janaína disse ainda que os
apoiadores de Dilma são “torturadores”. A jurista foi criticada por senadores da
base governista. Gleisi Hoffmann (PT-PR) sugeriu que, antes de lutar pela
América Latina, ela observasse outros regimes totalitários no Brasil, “como no
Paraná, onde perseguem professores”, disse em referência ao governador Beto
Richa do PSDB.
Plutocracia
Para o jornalista Paulo Nogueira, editor do DCM, Janaina
Paschoal representa a plutocracia predadora brasileira.
“Não foi fácil suportar a participação de Janaina Paschoal no Senado na
noite de quinta, na comissão que discute o impeachment. Num momento de
autoempolgação, Janaína traiu sua confusão mental e seu antipetismo delirante.
Ela disse aos senadores que, se eles não tirarem Dilma, teremos dezesseis anos
de PT no poder”, escreveu Nogueira. “Janaina disse que, ao contrário dos
petistas, é “democrata”. No seu mundo, não é o povo que escolhe quem deve ficar
ou não no poder. São eles, os senadores. Há pouco mais de um ano, 54 milhões de
brasileiros deram nas urnas a Dilma um segundo mandato, mas para Janaína isso
não é democracia, pelo visto”, continua.
Uma das tragédias de situações como a que o Brasil
vive é ver nulidades como Janaína Paschoal ser alvo de torrenciais holofotes. Não foi fácil suportá-la no Senado na noite de quinta,
na comissão que discute o impeachment. Num momento de autoempolgação, Janaína traiu sua
confusão mental e seu antipetismo delirante. Ela disse aos senadores que, se
eles não tirarem Dilma, teremos dezesseis anos de PT no poder. Ela completou essa frase dizendo que, ao contrário dos
petistas, é “democrata”.
No Planeta Janaína, não é o povo que escolhe quem deve
ficar ou não no poder. São eles, os senadores. Há pouco mais de um ano, 54 milhões de brasileiros
deram nas urnas a Dilma um segundo mandato, mas para Janaína isso não é
democracia, pelo visto. Como todo megalomaníaco, Janaína não se limita a falar
do assunto que está em discussão. No Senado, ela deu um jeito de atacar a
“ditadura” venezuelana. É uma das frases feitas da direita brasileira, um
clichê cínico e obtuso. Chávez primeiro e depois Maduro se submeteram às urnas
repetidas vezes em eleições verificadas e aprovadas por observadores
internacionais do calibre de Jimmy Carter.
Ditadura?
Ela citou, em tom fúnebre, Leopoldo Lopez como uma
vítima do governo venezuelano. Ora, Lopez, um fanático de direita apoiado pelos
Estados Unidos, incitou manifestações pela derrubada de Maduro das quais
resultaram a morte de dezenas de pessoas.
Lopez e Janaína pertencem a um mesmo grupo: o de
extremistas de direita da América Latina dedicados a buscar por meios escusos o
que não conseguem pelos votos populares.
São símbolos de uma plutocracia predadora, gananciosa,
desonesta – responsável pela desigualdade social indecente que marca a região. Por
conta de gente como Janaína, corremos um enorme risco de nos transformar numa
imensa Venezuela. Ou alguém acha que não haverá reação, e forte, ao golpe?
Sob outro prisma, ela é uma clássica midiota. Sofreu
uma lavagem cerebral da imprensa brasileira. Repete como verdades absolutas
pseudonotícias da Veja e da Globo. Seremos uma sociedade brutalmente desigual,
uma Escandinávia do avesso, se dependermos de gente como ela.
Dias atrás, o homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo
Lemann, disse que com desigualdade os brasileiros jamais terão estabilidade
política. E citou as virtudes de sociedades igualitárias, como a Suíça, onde
todos frequentam as mesmas escolas e vão aos mesmos hospitais.
Somos o oposto disso por causa de pessoas como Janaína
Paschoal. Ela adora falar em patriotismo, mas não foi o idealismo que a levou a
elaborar o pedido de impeachment. Ela recebeu 45 mil reais do PSDB para montar
o parecer que seria a base do golpe.
Janaína estaria na merecida obscuridade não fosse o
gesto de vingança de Eduardo Cunha ao aceitar o pedido de impeachment de que
ela é coautora porque o PT não o blindou diante de seus múltiplos atos de
corrupção. É uma desgraça que uma pessoa como ela tenha sido colocada numa
posição-chave para a supressão, por um golpe, de 54 milhões de votos.
Janaina Paschoal não apenas advoga para Douglas
Kirchner, o ex-procurador que torturou a esposa repetidas vezes. A advogada
também defendeu Mayara Petruso, a estudante de direito que disse, após o
resultado das eleições de 2010, que “nordestino não é gente e tem que morrer
afogado”. Janaina Paschoal, autora do impeachment, é advogada de Douglas
Kirchner, o procurador que torturava a esposa e a mantinha em cárcere privado.
Janaina Paschoal se tornou o assunto mais comentado do
Brasil nesta terça-feira (5). A autora do processo de impeachment contra Dilma
Rousseff foi registrada em vídeo protagonizando um discurso inacreditável.
Juristas consideraram que a fala da advogada, que deveria se comportar como uma
técnica, não se diferencia em nada das pregações acaloradas de pastores
neopentecostais. Curiosamente, Janaina é advogada do procurador Douglas
Kirchner, demitido do Ministério Público por torturar e manter a sua esposa em
cárcere privado com a ajuda de uma pastora evangélica. Douglas foi demitido
pelo CNMP por 12 votos a 2.
Ao apresentar a defesa do procurador, Janaina afirmou
que o réu era inocente porque se tratava de um “típico caso de liberdade
religiosa”. Depois, a certa altura da sessão, Janaína mudou a
estratégia e alegou que Douglas tinha “a mente propícia para ser cooptada”, ou
seja, teria maltratado a mulher sob influência da igreja.
A presidente do Conselho do Ministério Público e
relatora Ela Wiecko Volkmer de Castilho rebateu e citou o laudo pericial
demonstrando que Tamires, esposa de Douglas, foi espancada com instrumento
contundente. Segundo ela, Tamires foi submetida a violência “psíquica, moral e
simbólica”. Ela Wiecko lembrou que Douglas “admite que assistiu a
surra com cipó e não teve forças para reagir. Nesse dia, não era procurador
ainda, mas tornou-se depois e mesmo sendo procurador continuou morando na
igreja, casado com Tamires e a situação permaneceu a mesma até a fuga dela em
julho”.
A relatora argumentou que as provas de que Douglas
praticou violência contra a mulher e fanatismo religioso eram mais que
suficientes para um juízo do Conselho Superior do MPF de que Douglas “não
possui idoneidade moral para exercer o cargo de procurador da República”.
Laudos comprovaram que Tamires foi violentamente
espancada mais de uma vez.
Mayara Petruso
Janaina Paschoal também foi advogada da jovem Mayara
Petruso, a estudante de direito que ficou famosa, em 2010, por expressar seu
ódio contra nordestinos nas redes sociais após a vitória de Dilma Rousseff nas
eleições presidenciais. “Nordestino (sic) não é gente. Faça um favor a SP: mate
um nordestino afogado!”, publicou Mayara. Janaina Paschoal, a advogada do impeachment, não
conseguiu inocentar Mayara. A jovem foi condenada pela Justiça Federal de São
Paulo pelo crime de discriminação e recebeu uma punição de 1 ano, 5 meses e 15
dias de prisão, mas a pena foi convertida em prestação de serviço comunitário e
pagamento de multa. Mayara trabalhava em um escritório de advocacia, mas
perdeu o emprego depois do caso. Ela também teve que mudar de cidade e de
faculdade por conta da repercussão de suas mensagens.
A culpa é de quem?
Numa recente entrevista à BBC Brasil, Janaina Paschoal
declarou que “seu compromisso é com Deus”. Na Folha, a advogada se declarou preocupada com as
“forças ocultas e bolivarianas” que manipulam nossos jovens, e disse que Lula é
o principal culpado pelas mazelas que assolam o país: “ele [o ex-presidente]
separa o Brasil em Norte e Sul. É ele quem faz questão de cindir o povo
brasileiro em pobres e ricos”.