Ela pode muito bem se tratar de uma extraterrestre que intervém, como pode, na historia humana desde tempos imemoriais, se for isso mesmo, por que ela age assim? O que ela quer final? Essas são perguntas que um dia, espero, sejam respondidas...
A totalidade de toda a história das aparições de
Fatima em Portugal - Aquela dos três segredos
(A aparência
da Entidade Misteriosa)
Uma coisa que é muito mal
divulgado é a aparência real da entidade como relatado pelas três crianças
portuguesas, essa aparência não agradou a Igreja e por causa disso nunca foi
adotada para a criação de imagens e estatuas. A Igreja Católica simplesmente
ignorou como as três crianças descrevia a figura feminina que se fazia
apresentar, o motivo? A entidade usava saia até o joelho, e parecia ter olhos
pretos, além de se parecer a uma linda adolescente de cerca de 15 anos.
Vejamos: Logo após os acontecimentos de 1917, foram
feitos, pelo pároco da freguesia, Manuel Marques Ferreira, interrogatórios
sucessivos às três crianças, após cada uma das aparições; também o Rev. Dr.
Manuel Nunes Formigão falou com os videntes e escreveu notas e vários livros
sobre o assunto, que são fontes fiáveis de informação sobre as aparições, com
proximidade no tempo.
Grande parte desta documentação encontra-se reunida no
livro “Documentação Crítica de Fátima - Seleção de documentos (1917-1930)”
edição de 2013 do próprio Santuário de Fátima. Outras fontes: o jornal “O
mensageiro” do padre José Ferreira de Lacerda; o jornal “O Século” de 23 de
Junho de 1917; os livros “Eu vi nascer Fátima” de Humberto Pasquale (pág. 57 e
outras) e “Os grandes fenômenos da Cova da Iria“ (pág. 47 e outras) de Gilberto
Fernandes dos Santos.
São esses testemunhos
(com destaque para o da vidente Lúcia, a mais dotada das videntes) que afirmam
a aparição ter cerca de 1,10 m de altura e a aparência duma criança de 12 a 15
anos, de uma beleza extraordinária. Tinha olhos pretos. Vinha vestida de um
branco que dava luz e feria a vista. Conta a vidente Lúcia que a saia (sic:
págs. 30, 32, 33 e 35 da citada “Documentação Crítica de Fátima) era branca e
dourada, aos cordõezinhos ao comprido e atravessados e era curta, pelos joelhos
ou um pouco abaixo, e justa (travada).
Tinha meias brancas. O casaco era branco
e tinha também um manto branco, que da cabeça descia até à orla da saia,
dourado aos cordõezinhos de alto a baixo e atravessados. O casaco tinha dois ou
três cordõezinhos nos punhos. Trazia um cordão doirado ao pescoço, que terminava
com uma medalha, ou uma borla ou até uma bola (os testemunhos nesta parte são
confusos); tinha nas orelhas uns botões (ou argolas) muito pequeninos e
amarelos. Nas mãos trazia um rosário de contas brancas, também luminoso, que
terminava numa cruz. Sobre a cabeça, tinha como que um cestinho de ouro
“riquíssimo e deslumbrante” que também irradiava luz. Conta ainda Francisco que
falava sem mexer os lábios.
A imagem que actualmente se venera foi “com
pequenas modificações de pormenor” inspirada numa imagem já existente da N.
Sra. Da Lapa. O Rev. Dr. Manuel Nunes Formigão comentou: "Nossa Senhora
não pode, evidentemente, aparecer senão o mais decente e modestamente vestida.
O vestido deveria descer até perto dos pés" (Conforme pág. 61 da citada antes
“Documentação Crítica de Fátima - Seleção de documentos (1917-1930)”. O cónego C. Barthas
refere- se à Entidade como “a maravilhosa menina” e admite que “não se parece
com nenhuma das imagens de N. Senhora ou de outras santas que tenham visto até
então”. As descrições posteriores da aparição vão-se progressivamente afastando
deste relato primordial, até ser impossível reconhecê-lo.
Aparições do “Anjo”
(leia-se os
primeiros ensaios da entidade para aparecer, talvez experimentos)
Antes das aparições da Virgem
Maria na Cova da Iria em 1917, Lúcia, Francisco e Jacinta tiveram no ano
anterior três visões de um Anjo. Estas visões permaneceram inéditas até 1937,
quando então Lúcia as divulga pela primeira vez, no designado texto Memória II.
A narração é mais completa e o texto definitivo das Orações do Anjo é publicado
na Memória IV, escrito em 1941. As aparições do Anjo em 1916, foram precedidas
por três outras visões, de Abril a Outubro de 1915, nas quais Lúcia e outras
três pastorinhas, Teresa Matias, sua irmã Maria Rosa e Maria Justino viram,
também no outeiro do Cabeço, e noutros locais, suspensa no ar sobre o arvoredo
do vale "uma como que nuvem mais branca que a neve, algo transparente, com
forma humana.
Era uma figura, como se fosse uma estátua de neve, que os raios
do sol tornavam algo transparente". A descrição é da própria irmã Lúcia:
"Mal tínhamos começado [a rezar o terço], quando, diante de nossos olhos,
vemos, como que suspensa no ar, sobre o arvoredo, uma figura como se fosse uma
estátua de neve que os raios de sol tornavam algo transparente. – Que é aquilo? - Perguntaram as minhas companheiras, meio assustadas. – Não sei! Continuámos a
nossa reza, sempre com os olhos fitos na dita figura que, assim que terminámos,
desapareceu."
Primeira aparição: O relato da
mais velha dos videntes, Lúcia, descreve assim os acontecimentos: "Andava
eu com os meus primos Francisco e Jacinta a cuidar do rebanho e subimos a
encosta em procura dum abrigo a que chamávamos a "Loca do Cabeço".
Depois de aí merendar e rezar, alguns momentos havia que jogávamos e eis que um
vento sacode as árvores e faz-nos levantar a vista para ver o que se passava, pois
o dia estava sereno. Então começamos a ver, a alguma distância, sobre as
árvores que se estendiam em direção ao nascente, uma luz mais branca que a
neve, com a forma dum jovem, transparente, mais brilhante que um cristal
atravessado pelos raios do Sol. À medida que se aproximava, íamos-lhe
distinguindo as feições.
Estávamos surpreendidos e meios absortos. Não dizíamos
palavra. Ao chegar junto de nós, disse: – Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai
comigo. E ajoelhando em terra, curvou a fronte até ao chão. Levados por um
movimento sobrenatural, imitámo-lo e repetimos as palavras que lhe ouvimos
pronunciar: – Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para
os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam. Depois de repetir
isto três vezes, ergueu-se e disse: – Orai assim.
Os Corações de Jesus e Maria
estão atentos à voz das vossas súplicas. E desapareceu. A atmosfera do
sobrenatural que nos envolveu era tão intensa, que quase não nos dávamos conta
da própria existência, por um grande espaço de tempo, permanecendo na posição
em que nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração. A presença de Deus
sentia-se tão intensa e íntima que nem mesmo entre nós nos atrevíamos a falar.
No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa atmosfera que só
muito lentamente foi desaparecendo. Nesta aparição, nenhum pensou em falar nem
em recomendar o segredo. Ela de si o impôs. Era tão íntima que não era fácil
pronunciar sobre ela a menor palavra. Fez-nos, talvez, também maior impressão,
por ser a primeira assim manifesta”.
Segunda aparição: A segunda
aparição deu-se no Verão de 1916, sobre o poço da casa dos pais de Lúcia, junto
ao qual as crianças costumavam brincar. Assim narra Lúcia: "Fomos, pois
passar as horas da sesta à sombra das árvores que cercavam o poço já várias
vezes mencionado. De repente, vimos o mesmo Anjo junto de nós. - Que fazeis?
Orai! Orai muito!
Os Corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de
misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios. –
Como nos havemos de sacrificar? – perguntei. – De tudo que puderdes, oferecei
um sacrifício em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de
súplica pela conversão dos pecadores. Atraí, assim, sobre a vossa Pátria, a
paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e
suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar. E desapareceu.
Estas palavras do Anjo gravaram-se em nosso espírito, como uma luz que nos
fazia compreender quem era Deus, como nos amava e queria ser amado, o valor do
sacrifício e como Ele Lhe era agradável, como, por atenção a Ele, convertia os
pecadores. Por isso, desde esse momento, começamos a oferecer ao Senhor tudo
que nos mortificava, mas sem discorrermos a procurar outras mortificações ou
penitências, excepto a de passarmos horas seguidas prostrados por terra,
repetindo a oração que o Anjo nos tinha ensinado."
Terceira aparição: A terceira
aparição ocorreu no fim do Verão ou princípio de Outono de 1916, novamente na
"Loca do Cabeço", como descreve Lúcia: "Rezámos aí o terço e (a)
oração que na primeira aparição nos tinha ensinado. Estando, pois, aí, apareceu-nos
pela terceira vez, trazendo na mão um cálice e sobre ele uma Hóstia, da qual
caíam, dentro do cálice algumas gotas de sangue.
Deixando o cálice e a Hóstia
suspensos no ar, prostrou-se em terra e repetiu três vezes a oração: –
Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e
ofereço-vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo,
presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios
e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu
Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos
pobres pecadores.
Depois, levantando-se, tomou de novo na mão o cálice e a
Hóstia e deu-me a Hóstia a mim e o que continha o cálice deu-o a beber à
Jacinta e ao Francisco, dizendo, ao mesmo tempo: – Tomai e bebei o Corpo e o
Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai
os seus crimes e consolai o vosso Deus. De novo se prostrou em terra e repetiu
conosco mais três vezes a mesma oração: – Santíssima Trindade… etc..
E
desapareceu. Levados pela força do sobrenatural que nos envolvia, imitávamos o
Anjo em tudo, isto é, prostrando-nos como Ele e repetindo as orações que Ele
dizia. A força da presença de Deus era tão intensa que nos absorvia e
aniquilava quase por completo. Parecia privar-nos até do uso dos sentidos
corporais por um grande espaço de tempo.
Nesses dias, fazíamos as ações
materiais como que levados por esse mesmo ser sobrenatural que a isso nos
impelia. A paz e felicidade que sentíamos era grande, mas só íntima,
completamente concentrada a alma em Deus. O abatimento físico, que nos prostrava,
também era grande”.
Aparições da entidade feminina misteriosa:
Em 13 de Maio de 1917 Brincavam
os três pastorinhos na Cova da Iria, uma pequena propriedade pertencente aos
pais de Lúcia, localizada a 2,5 km de Fátima, quando por volta do meio-dia e
depois de rezarem o terço, observaram dois clarões como se fossem relâmpagos.
Com receio de começar a chover, reuniram o rebanho e decidiram ir-se embora,
mas no caminho e logo abaixo, outro clarão teria iluminado o espaço.
Nesse instante,
teriam visto em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a
Capelinha das Aparições), "era uma Senhora vestida de branco e mais
brilhante que o Sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal
cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente",
descreve Lúcia. "A sua face, indescritivelmente bela não era nem triste,
nem alegre, mas séria, com ar de suave censura.
As mãos juntas, como a rezar,
apoiadas no peito e voltadas para cima. Da mão direita pendia um rosário. As
vestes pareciam feitas só de luz. A túnica era branca e branco o manto, orlado
de ouro que cobria a cabeça da Virgem e lhe descia até aos pés. Não se Lhe viam
os cabelos nem as orelhas." Os traços da fisionomia Lúcia nunca pôde descrevê-los, pois a sua formosura não cabe em palavras humanas. Os videntes
estavam tão pertos de Nossa Senhora - a um metro de distância, mais ou menos -
que ficavam dentro da luz que A cercava, ou que Ela espargia. O colóquio
inicia-se da seguinte maneira:
Nossa Senhora: - Não tenhais
medo. Eu não vos faço mal. Lúcia: - Donde é Vossemecê? - Sou do Céu (e Nossa
Senhora ergueu as mãos apontando o Céu). - E que é que Vossemecê me quer? - Vim
para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora.
Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois voltarei ainda aqui uma sétima
vez. - E eu também vou para o Céu? - Sim, vais. - E a Jacinta? - Também. - E o
Francisco? - Também, mas tem que rezar muitos terços. - A Maria das Neves já
está no Céu? (Lúcia referia-se a uma mulher que tinha morrido recentemente) -
Sim, está. - E a Amélia? - Estará no Purgatório até ao fim do mundo. Quereis
oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser
enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de
súplica pela conversão dos pecadores? - Sim, queremos. - Ides pois ter muito
que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto. "Foi ao pronunciar
estas últimas palavras que abriu pela primeira vez as mãos comunicando-nos uma
luz muito intensa, como que reflexo que delas expedia, que nos penetrava no
peito e no mais intimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era
essa luz, mais claramente do que nos vemos no melhor dos espelhos. Então, por
um impulso intimo também comunicado, caímos de joelhos e repetimos intimamente
ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro, meu Deus meu Deus eu Vos amo no Santíssimo
Sacramento. Passados estes momentos, Nossa Senhora acrescentou: - Rezem o terço
todos os dias para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra (na altura
desenrolava-se a Primeira Guerra Mundial).
"Em seguida começou a
elevar-se serenamente em direção ao nascente até desaparecer na imensidade da
distância. A luz que A circundava ia como que abrindo um caminho no cerrado dos
astros". 13 de Junho de 1917: Neste dia
compareceram no local cerca de 50 pessoas curiosas pelos factos entretanto
revelados pelos pastorinhos. Por volta do meio-dia, os videntes notaram
novamente um clarão, a que chamavam relâmpago, mas que não era propriamente
tal, mas sim o reflexo de uma luz que se aproximava. Alguns dos espectadores
notaram que a luz do sol se obscureceu durante os minutos que se seguiram ao
início do colóquio, outros afirmaram que o topo da azinheira, coberto de
rebentos, pareceu curvar-se como sob um peso, um momento antes da Lúcia falar.
Durante a troca de palavras entre Lúcia e a aparição alguns ouviram um sussurro
como se fosse o zumbido de uma abelha.
Lúcia: - Vossemecê que me
quer? Nossa Senhora: - Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que
rezeis o terço todos os dias e que aprendam a ler. Depois, direi o que quero.
Lúcia pediu a cura de um doente. - Se se converter, curar-se-á durante o ano. -
Queria pedir-Lhe para nos levar para o Céu. - Sim, a Jacinta e o Francisco
levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti
para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu
Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação e serão queridas de
Deus estas almas, como flores postas por Mim a adornar o seu trono. - Fico cá
sozinha? - Não, filha. E tu sofres muito? Não desanimes.
Eu nunca te deixarei.
O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até
Deus. "Foi no momento que disse estas últimas palavras que abriu as mãos e
nos comunicou, pela segunda vez, o reflexo dessa luz imensa. Nela nos víamos
como que submergidos em Deus. A Jacinta e o Francisco pareciam estar na parte
dessa luz que se elevava para o céu e eu na que se espargia sobre a terra. À
frente da palma da mão direita de Nossa Senhora estava um coração cercado de
espinhos que parecia estarem-lhe cravados.
Compreendemos que era o Imaculado
Coração de Maria ultrajado pelos pecados da humanidade que queria reparação.
Quando se desvaneceu esta visão, a Senhora, envolta ainda na luz que d'Ela
irradiava, elevou-se da arvorezinha sem esforço, suavemente na direção do leste
até desaparecer de todo". Algumas pessoas mais próximas
notaram que os rebentos do topo da azinheira estavam tombados na mesma direção,
como se as vestes da Senhora os tivessem arrastado. Só algumas horas mais tarde
retomaram a posição natural.
Aparição dos Três Segredos em 13 de Julho de 1917:
Lúcia dos Santos com os seus
primos Francisco e Jacinta Marto. Ao dar-se a terceira aparição, uma nuvenzinha
acinzentada pairou sobre a azinheira, o sol ofuscou-se, uma aragem fresca soprou
sobre a serra, embora se estivesse em pleno Verão. O Sr. Manuel Marto, pai da
Jacinta e do Francisco, diz que também ouviu um sussurro, como o de moscas num
cântaro vazio. Os videntes viram o reflexo da costumada luz e, em seguida,
Nossa Senhora sobre a carrasqueira.
Lúcia: - Vossemecê que me
quer? Nossa Senhora: - Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que
continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário
para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer. -
Queria pedir-lhe para nos dizer quem é; para fazer um milagre com que todos
acreditem que Vossemeçê nos aparece. - Continuem a vir aqui todos os meses. Em
Outubro direi quem sou, o que quero e farei um milagre que todos hão-de ver
para acreditarem. Lúcia apresenta então uma série de pedidos de conversões,
curas e outras graças. Nossa Senhora responde recomendando sempre a prática do
terço, que assim alcançariam as graças durante o ano. Um dos pedidos foi a cura
do filho paralítico de Maria Carreira (que seria desde o início uma devota de
Fátima).
Nossa Senhora respondeu que
não o curaria nem o tiraria da sua pobreza, mas que rezasse o terço todos os
dias em família e dar-lhe-ia os meios de ganhar a vida. Outro enfermo pedia
para ir em breve para o Céu. Nossa Senhora respondeu que não tivesse pressa,
que bem sabia quando o havia de vir buscar. Depois prosseguiu: - Sacrificai-vos
pelos pecadores e dizei muitas vezes e em especial quando fizerdes algum
sacrifício: "ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em
reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria." Ao
dizer estas últimas palavras, abriu de novo as mãos, como nos dois meses
passados.
O reflexo de luz que delas expediam pareceu penetrar a terra e
(primeira parte do segredo - "A Visão do Inferno") mostrou-nos um
grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados nesse fogo
os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou
bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que
d'elas mesmas saíam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados,
semelhante ao cair das fagulhas em os grandes incêndios sem peso nem
equilíbrio, entre gritos e gemidos de dôr e desespero que horrorizava e fazia
estremecer de pavor. Os demônios distinguiam-se por
formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas
transparentes e negros.
Esta vista foi um momento, e graças à nossa boa Mãe do
Céu que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na
primeira aparição), se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e
pavor. Em seguida, levantamos os olhos para Nossa Senhora que nos disse com
bondade e tristeza: - Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos pobres
pecadores. Para as salvar, (segunda parte do segredo - "O Imaculado
Coração de Maria")
Deus quer estabelecer no mundo a devoção a meu
Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser salvar-se-ão muitas almas e terão
paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de
Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz
desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o
mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e
ao Santo Padre.
Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado
Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem aos meus
pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo
mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados,
o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim o
meu Imaculado Coração triunfará.
O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se
converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal se
conservará sempre o dogma da fé. Então vimos (terceira parte do segredo -
"O atentado ao Papa") ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais
alto um Anjo com uma espada de fogo na mão esquerda; ao cintilar, soltava
chamas que pareciam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho
que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro.
O Anjo apontando com a mão
direita para a terra, com voz forte dizia: "Penitência, Penitência,
Penitência!" E vimos n'uma luz imensa que é Deus: "algo semelhante a
como se vêem as pessoas n'um espelho quando lhe passam por diante" um
Bispo vestido de branco "tivemos o pressentimento de que era o Santo
Padre".
Vários outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subiam
uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos
toscos como se fôra de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí,
atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trémulo com andar
vacilante, acabrunhado de dôr e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que
encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés
da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários
tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás dos outros os Bispos,
Sacerdotes, religiosos e religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros e
senhoras de várias classes e posições.
Sob os dois braços da Cruz estavam dois
Anjos cada um com um regador de cristal na mão, n'êles recolhiam o sangue dos
Mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus." Terminada
esta visão, disse Nossa Senhora: - Isto não o digais a ninguém. Ao Francisco
sim, podeis dizê-lo. Quando rezardes o terço, dizei depois de cada mistério:
"Ó meu Jesus! Perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno, levai as almas
todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem. - Vossemecê não
me quer mais nada? - Não. Hoje não te quero mais nada. E como de costume,
começou a elevar-Se em direção ao nascente, até desaparecer na imensa distância
do firmamento. Ouviu-se então um trovão, indicando que a aparição cessara.
19 de Agosto de 1917 - Quarta Aparição:
Monumento que
assinala o local da quarta aparição ocorrida nos Valinhos de Fátima. Foi
construído com donativos de católicos húngaros. A estátua de Nossa Senhora foi
esculpida por Maria Amélia Carvalheira da Silva e o nicho em que se encontra
foi arquitetado por António Lino. No dia 13 de Agosto,
quando deveria dar-se a quarta aparição, os videntes não puderam ir à Cova da
Iria, pois foram raptados pelo então administrador do concelho de Vila Nova de
Ourém, Artur de Oliveira Santos, um republicano anticlerical e maçon, que à
força quis arrancar-lhes o segredo.
Nesse dia, juntou-se
uma grande multidão que aguardava pela aparição. Por volta do meio-dia,
ouviu-se um trovão, ao qual se seguiu o relâmpago, tendo os espectadores notado
uma pequena nuvem branca que pairou alguns minutos sobre a azinheira.
Observaram-se também fenómenos de coloração, de diversas cores, nos rostos das
pessoas, das roupas, das árvores e do chão. As crianças continuaram em
cativeiro e apesar das várias ameaças físicas de que foram alvo, permaneceram
inabaláveis e nada revelaram.
Na manhã do dia 15 de
Agosto e a seguir a um interrogatório final, foram então libertadas e
regressaram a Fátima. No dia 19 de Agosto
de 1917, Lúcia estava com Francisco e seu irmão João no lugar dos Valinhos, uma
propriedade de um dos seus tios e que dista uns 500 metros de Aljustrel. Pelas
4 horas da tarde, começaram a produzir-se as alterações atmosféricas que
precederam as aparições anteriores, uma súbita diminuição da temperatura e um
esmorecimento do Sol. Lúcia, sentindo que alguma coisa de sobrenatural se
aproximava e os envolvia, pediu ao primo João para chamar rápidamente a
Jacinta, a qual chegou a tempo de ver Nossa Senhora que - anunciada, como das
outras vezes, por um reflexo de luz - apareceu sobre uma azinheira, um pouco
maior que a da Cova da Iria.
Lúcia: - Que é que
Vossemecê me quer? Nossa Senhora: -Quero que continueis a ir à Cova da Iria no
dia 13, que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês farei o
milagre para que todos acreditem. - Que é que Vossemecê quer que se faça ao dinheiro
que o povo deixa na Cova da Iria? - Façam dois andores, um leva-o tu com a
Jacinta e mais duas meninas; o outro que o leve o Francisco com mais três
meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário e o
que sobrar é para a ajuda de uma capela que hão-de mandar fazer.
Queria
pedir-lhe a cura de alguns doentes. -Sim, alguns curarei durante o ano. E
tomando um aspeto mais triste, recomendou-lhes novamente a prática da
mortificação: - Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão
muitas almas para o Inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas.
"E, como de costume, começou a elevar-Se em direção ao nascente." Os
videntes cortaram ramos da árvore sobre a qual Nossa Senhora lhes tinha aparecido
e levaram-nos para casa. Os ramos exalavam um perfume singularmente suave.
13 de Setembro de 1917:
Como das outras vezes, uma série de fenómenos atmosféricos foram observados
pelos circunstantes, cujo número foi calculado entre 15 e 20 000 pessoas: o
súbito refrescar da atmosfera, o empalidecer do Sol até ao ponto de se verem as
estrelas, uma espécie de chuva como que de pétalas irisadas ou flocos de neve
que desapareciam antes de pousarem na terra.
Em particular, foi notado desta vez
um globo luminoso que se movia lenta e majestosamente pelo céu, do nascente
para o poente e, no fim da aparição, em sentido contrário. Os videntes notaram,
como de costume, o reflexo de uma luz e, a seguir, Nossa Senhora sobre a
azinheira. Nossa Senhora: -
Continuem a rezar o terço para alcançarem o fim da guerra.
Em Outubro, virá
também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino
Jesus, para abençoarem o Mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios,
mas não quer que durmais com a corda. Trazei-a só durante o dia. Lúcia:
- Têm-me pedido para Lhe pedir muitas coisas, a cura de alguns doentes, de um
surdo-mudo. - Sim, alguns curarei. Outros não. Em Outubro farei o milagre para
que todos acreditem. "E começando a elevar-Se, desapareceu como de
costume."
De acordo com os
relatos da época, milhares de pessoas assistiram a um Milagre do Sol, em
Fátima, no dia 13 de Outubro de 1917. Devido ao facto de os
pastorinhos terem revelado que a Virgem Maria iria fazer um milagre neste dia
para que todos acreditassem, estavam presentes na Cova da Iria cerca de 50 mil
pessoas, segundo os relatos da época. Chovia com abundância e a multidão
aguardava as três crianças nos terrenos enlameados da serra.
Lúcia assim
descreve estes acontecimentos na Memória IV: "Saímos de casa bastante
cedo, contando com as demoras do caminho. O povo era em massa. A chuva,
torrencial. Minha mãe, temendo que fosse aquele o último dia da minha vida, com
o coração retalhado pela incerteza do que iria acontecer, quis acompanhar-me.
Pelo caminho, as cenas do mês passado, mais numerosas e comovedoras. Nem a
lamaceira dos caminhos impedia essa gente de se ajoelhar na atitude mais
humilde e suplicante.
Chegados à Cova de Iria, junto da carrasqueira, levada
por um movimento interior, pedi ao povo que fechasse os guarda-chuvas para
rezarmos o terço. Pouco depois, vimos o reflexo da luz e, em seguida, Nossa
Senhora sobre a carrasqueira. Lúcia: - Que é que
Vossemecê me quer? Nossa Senhora: – Quero dizer-te que façam aqui uma capela em
Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço
todos os dias.
A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas
casas. - Eu tinha muitas coisas para Lhe pedir: se curava uns doentes e se
convertia uns pecadores, etc. - Uns, sim; outros, não. É preciso que se
emendem, que peçam perdão dos seus pecados. E tomando um aspecto mais triste: Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido. E abrindo as
mãos, fê-las reflectir no Sol. E enquanto que se elevava, continuava o reflexo
da Sua própria luz a projectar-se no Sol.
Neste momento, Lúcia
diz para a multidão olhar para o Sol, levada por um movimento interior que a
isso a impeliu. "Desaparecida Nossa Senhora, na imensa distância do
firmamento, vimos, ao lado do Sol, S. José com o Menino e Nossa Senhora vestida
de branco, com um manto azul." Era a Sagrada Família. "S. José com o
Menino pareciam abençoar o Mundo com uns gestos que faziam com a mão em forma
de cruz.
Pouco depois, desvanecida esta aparição, vi Nosso Senhor acabrunhado
de dôr a caminho do Calvário e Nossa Senhora que me dava a ideia de ser Nossa
Senhora das Dores." Lúcia via apenas a
parte superior do corpo de Nosso Senhor e Nossa Senhora não tinha a espada no
peito "Nosso Senhor parecia abençoar o Mundo da mesma forma que S. José.
Desvaneceu-se esta aparição e pareceu-me ver ainda Nossa Senhora, em forma
semelhante a Nossa Senhora do Carmo, com o Menino Jesus ao colo."
Enquanto os três
pastorinhos eram agraciados com estas visões (apenas Lúcia viu os três quadros,
Jacinta e Francisco viram somente o primeiro), a maior parte da multidão
presente observou o chamado O Milagre do Sol. A chuva que caía cessou, as
nuvens entreabriram-se deixando ver o Sol, assemelhando-se a um disco de prata
fosca, podia fitar-se sem dificuldade sem cegar. A imensa bola começou a girar
vertiginosamente sobre si mesma como uma roda de fogo.
Depois, os seus bordos
tornaram-se escarlates e deslizou no céu, como um redemoinho, espargindo chamas
vermelhas de fogo. Essa luz refletia-se no solo, nas árvores, nas próprias
faces das pessoas e nas roupas, tomando tonalidades brilhantes e diferentes
cores. Animado três vezes por um movimento louco, o globo de fogo pareceu
tremer, sacudir-se e precipitar-se em ziguezague sobre a multidão aterrorizada.
Tudo durou uns dez minutos.
Finalmente, o Sol voltou em ziguezague para o seu
lugar e ficou novamente tranquilo e brilhante. Muitas pessoas notaram que as
suas roupas, ensopadas pela chuva, tinham secado súbitamente. Tal fenómeno foi
testemunhado por milhares de pessoas, até mesmo por outras que estavam a
quilómetros do lugar das aparições. O relato foi publicado na imprensa por
diversos jornalistas que ali se deslocaram e que foram também eles, testemunhas
do acontecimento.
Aparições particulares a Jacinta - Jacinta
Marto, em 1917
Jacinta vê o Santo
Padre - Lúcia assim relata na sua Terceira Memória: "Um dia, fomos passar
as horas da sesta para junto do poço de meus pais. A Jacinta sentou-se nas
lajes do poço; o Francisco, comigo, foi procurar o mel silvestre nas silvas dum
silvado duma ribanceira que aí havia. Passado um pouco de tempo, a Jacinta
chama por mim: – Não viste o Santo Padre? – Não! – Não sei como foi! Eu vi o
Santo Padre em uma casa muito grande, de joelhos, diante de uma mesa, com as
mãos na cara, a chorar. Fora da casa estava muita gente e uns atiravam-Ihe
pedras, outros rogavam-lhe pragas e diziam-lhe muitas palavras feias.
Coitadinho do Santo Padre! Temos que pedir muito por Ele. Em outra ocasião,
fomos para a Lapa do Cabeço. Chegados aí, prostramo-nos por terra, a rezar as
orações do Anjo. Passado algum tempo, a Jacinta ergue-se e chama por mim: – Não
vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de gente, a chorar com fome,
e não tem nada para comer? E o Santo Padre em uma Igreja, diante do Imaculado
Coração de Maria, a rezar? E tanta gente a rezar com Ele? Visões da guerra -
"Um dia fui a sua casa, para estar um pouco com ela. Encontrei-a sentada
na cama, muito pensativa. – Jacinta, que estás a pensar? – Na guerra que há-de
vir. Há-de morrer tanta gente! E vai quase toda para o inferno! Hão-de ser
arrasadas muitas casas e mortos muitos Padres (tratava-se da Segunda Guerra
Mundial).
Olha: eu vou para o Céu. E tu, quando vires, de noite, essa luz que
aquela Senhora disse que vem antes, foge para lá também! – Não vês que para o
Céu não se pode fugir? – É verdade! Não podes. Mas não tenhas medo! Eu, no Céu,
hei-de pedir muito por ti, por o Santo Padre, por Portugal, para que a guerra
não venha para cá, e por todos os Sacerdotes. Visitas de Nossa
Senhora - A 23 de Dezembro de 1918, Francisco e Jacinta adoeceram ao mesmo
tempo. Indo visitá-los, Lúcia encontrou Jacinta no auge da alegria.
Na sua
Primeira Memória, Lúcia conta: "Um dia mandou-me chamar: que fosse junto
dela depressa. Lá fui, correndo. – Nossa Senhora veio-nos ver e diz que vem
buscar o Francisco muito breve para o Céu. E a mim perguntou-me se queria ainda
converter mais pecadores. Disse-Lhe que sim. Disse-me que ia para um hospital,
que lá sofreria muito; que sofresse pela conversão dos pecadores, em reparação
dos pecados contra o Imaculado Coração de Maria e por amor de Jesus. Perguntei
se tu ias comigo. Disse que não. Isto é o que me custa mais.
Disse que ia minha
mãe levar-me e, depois, fico lá sozinha! Em fins de Dezembro de 1919, de novo a
Santíssima Virgem se dignou visitar a Jacinta, para Ihe anunciar novas cruzes e
sacrifícios. Deu-me a notícia e dizia-me: – Disse-me que vou para Lisboa, para
outro hospital; que não te torno a ver, nem os meus pais; que, depois de sofrer
muito, morro sozinha, mas que não tenha medo; que me vai lá Ela buscar para o
Céu.
Durante a sua permanência de 18 dias no hospital em Lisboa, Jacinta foi
favorecida com novas visitas de Nossa Senhora, que lhe anunciou o dia e a hora
em que haveria de morrer. Quatro dias antes de a levar para o Céu, a Santíssima
Virgem tirou-lhe todas as dores. Nas vésperas da sua morte, alguém lhe
perguntou se queria ver a mãe, ao que ela respondeu: - A minha família durará
pouco tempo e em breve se encontrarão no Céu… Nossa Senhora aparecerá outra
vez, mas não a mim, porque com certeza morro, como Ela me disse".
Aparições particulares a Lúcia 15 de Junho de
1921
- Conforme anotado na "Quarta Memória da
Irmã Lúcia" (pág. 173), esta foi a sétima aparição prometida em 13 de Maio
de 1917. Aconteceu nas vésperas da partida de Lúcia para o Colégio de Vilar no
Porto, quando ela se despedia dos locais das aparições. Foi uma aparição com
uma mensagem pessoal para a vidente que, por isso, não a revelou. 10 de Dezembro de
1925 - Encontrando-se Lúcia na sua cela, na Casa das Religiosas Doroteias em
Pontevedra, apareceu-lhe a SS.
Virgem e, ao lado, suspenso em uma nuvem
luminosa, um Menino. A SS.ª Virgem, pondo-lhe no ombro a mão e mostrando, ao
mesmo tempo, um coração que tinha na outra mão, cercado de espinhos. Ao mesmo
tempo, disse o Menino: – Tem pena do Coração de tua SS. Mãe que está coberto de
espinhos que os homens ingratos a todos os momentos Lhe cravam sem haver quem
faça um acto de reparação para os tirar. Em seguida, disse a SS.
Virgem: –
Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a
todos os momentos Me cravam, com blasfémias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de
Me consolar e diz que todos aqueles que durante 5 meses, ao 1.° sábado, se
confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15
minutos de companhia, meditando nos 15 mistérios do Rosário, com o fim de Me desagravar,
Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte, com todas as graças necessárias
para a salvação dessas almas. 15 de Fevereiro de
1926 - Neste dia encontrava-se Lúcia no pátio que dá para a rua da mesma Casa
das Religiosas Doroteias. Apareceu-lhe, de novo, o Menino Jesus.
Perguntou se
já tinha espalhado a devoção a Sua SS. Mãe. A vidente expôs-Lhe as dificuldades
apresentadas pelo seu confessor e que a Madre Superiora estava pronta a
propagá-la, mas que o confessor tinha dito que ela, só, nada podia. Jesus
respondeu: – É verdade que a tua Superiora, só nada pode; mas, com a Minha
graça, pode tudo.
Lúcia apresentou a Jesus a dificuldade que tinham algumas
pessoas em se confessar ao sábado e pediu para ser válida a confissão de oito
dias. Jesus respondeu: – Sim, pode ser de muitos mais ainda, contanto que,
quando Me receberem, estejam em graça e que tenham a intenção de desagravar o
Imaculado Coração de Maria. Ela perguntou: – Meu Jesus, as que se esquecerem de
formar essa intenção?. Jesus respondeu: – Podem formá-la na outra confissão
seguinte, aproveitando a primeira ocasião que tiverem de se confessar.
13 de Junho de 1929 -
Lúcia assim relata esta aparição: "Eu tinha pedido e obtido licença das
minhas superioras e confessor para fazer a Hora-Santa das 11 à meia-noite, de
quintas para sextas-feiras. Estando uma noite só, ajoelhei-me entre a
balaustrada, no meio da capela, a rezar, prostrada, as Orações do Anjo.
Sentindo-me cansada, ergui-me e continuei a rezá-las com os braços em cruz.
A
única luz era a da lâmpada. De repente iluminou-se toda a Capela com uma luz
sobrenatural e sobre o Altar apareceu uma Cruz de luz que chegava até ao tecto.
Em uma luz mais clara via-se, na parte superior da cruz, uma face de homem com
corpo até à cinta, sobre o peito uma pomba também de luz e, pregado na cruz, o
corpo de outro homem.
Um pouco abaixo da cinta, suspenso no ar, via-se um cálix
e uma hóstia grande, sobre a qual caíam algumas gotas de sangue que corriam
pelas faces do Crucificado e duma ferida do peito. Escorregando pela Hóstia,
essas gotas caíam dentro do Cálix. Sob o braço direito da cruz estava Nossa
Senhora (era Nossa Senhora de Fátima com o Seu Imaculado Coração na mão
esquerda, sem espada nem rosas, mas com uma Coroa de espinhos e chamas).
Sob o
braço esquerdo, umas letras grandes, como se fossem de água cristalina que
corresse para cima do Altar, formavam estas palavras: «Graça e Misericórdia».
Compreendi que me era mostrado o mistério da Santíssima Trindade e recebi luzes
sobre este mistério que não me é permitido revelar. Depois Nossa Senhora
disse-me: – É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em
união com todos os Bispos do Mundo, a Consagração da Rússia ao Meu Imaculado
Coração, prometendo salvá-la por este meio.
São tantas as almas que a justiça
de Deus condena por pecados contra Mim cometidos que venho pedir reparação:
sacrifica-te por esta intenção e ora. Dei conta disto ao confessor que me
mandou escrever o que Nossa Senhora queria se fizesse. Mais tarde, por meio
duma comunicação íntima, Nossa Senhora disse-me, queixando-se: – Não quiseram
atender ao Meu pedido!… Como o rei de França,[nota 6] arrepender-se-ão e
fá-la-ão, mas será tarde. A Rússia terá já espalhado os seus erros pelo mundo,
provocando guerras, perseguições à igreja: O Santo Padre terá muito que sofrer.
No ano das aparições,
Portugal, país de maioria católica, pobre e inculto, atravessava uma das
maiores crises da sua história. Em 1908, o Rei D.Carlos I tinha sido
assassinado na rua, juntamente com o seu filho mais velho, por dois elementos
da Carbonaria. Em 5 de Outubro de 1910, a república fora proclamada, a
Monarquia abolida e o sucessor D.Manuel II, obrigado a deixar o país.
A nova
República, liberal e laica, entrou imediatamente em conflito com a Igreja.
Entre as suas principais medidas encontram-se a expulsão da Companhia de Jesus
e das ordens do clero regular, o encerramento dos conventos, a proibição do
ensino religioso nas escolas, a lei do divórcio e a separação entre a Igreja e
o Estado. .Em Maio de 1911,o Papa Pio X rejeita vigorosamente as leis de
secularização introduzidas pelo novo governo.
A partir de Maio de
1916, o país entra na Primeira Guerra Mundial, enviando cerca de 55.000 homens
para França, assim como outras forças para Angola e Moçambique, que tinham sido
invadidas pelos alemães, com a consequente enorme perda de vidas humanas e grande
esforço material. Vários anos de caos e
instabilidade se seguiram, com sucessivos governos num limitado espaço de tempo
- nos dezasseis anos de duração, a Primeira República teve nove presidentes e
quarenta e cinco governos. Até que, em 28 de Maio de 1926, o General Gomes da
Costa instaurou uma ditadura militar, precursora do Estado Novo - o qual se
manteria até 25 de Abril de 1974.
Era em Aljustrel que
habitavam os pastorinhos. O lugar era habitado apenas por cerca de 25 famílias.
Lúcia era a mais nova dos sete filhos de Maria Rosa e António dos Santos.
Próximo habitavam os pais de Jacinta e Francisco (primos de Lúcia), Manuel
Marto e Olímpia de Jesus, que criavam ao todo nove filhos. As famílias
dedicavam-se á agricultura e pastorícia.
As crianças não frequentavam a escola,
(os 3 eram analfabetos) e ajudavam os pais pastoreando ovelhas.. O
analfabetismo atingia então cerca de 88% da população. Relativamente à
família dos pastorinhos, somente a mãe de Lúcia, Maria Rosa, tinha aprendido
algumas letras. Por esta razão, as crianças aprenderam a catequese e várias
histórias de aparições de Nossa Senhora, juntamente com a Bíblia e um livro
aterrador, “Missão Abreviada”, pela boca da mãe de Lúcia.
Controvérsias e críticas:
O fenômeno das
aparições está envolvido em grandes controvérsias logo desde o seu início, com
argumentos acalorados envolvendo não só elementos dos meios ateus e agnósticos,
como da própria Igreja Católica. Duvida-se que as próprias aparições tenham
existido; que as palavras da Entidade tenham sido aquelas e não outras; afirmam
alguns que as aparições nada têm a ver com religião; outros tratam todos os
acontecimentos como uma grande encenação. A própria Igreja Católica parece ter
sido muito cautelosa; só em Outubro de 1930 reconhece as aparições como dignas
de crédito. O Cardeal Cerejeira afirmou que “foi Fátima que se impôs à Igreja”.
O Padre Mário de
Oliveira, autor de vários livros sobre Fátima, comenta que o Deus anunciado e
revelado nas "Memórias da Irmã Lúcia" - "nada tem a ver com o
Deus revelado em Jesus de Nazaré. Tem tudo a ver com um Deus sanguinário, que
se compraz no sofrimento de inocentes, um Deus criador de infernos para
castigar aqueles que deixam de ir à missa aos domingos, ou dizem palavras
feias, um Deus ainda pior do que algumas das suas criaturas."
Lúcia
testemunha que Jacinta e Francisco eram capazes de passar dias inteiros sem
comer, davam a merenda às ovelhas, não bebiam ponta de água, mesmo em pleno mês
de Agosto, andavam todo o dia, e mesmo durante o sono da noite, com uma corda
permanentemente amarrada à cinta, até fazerem sangue, no que o autor chama de
"masoquismo religioso". Sobre Lúcia, diz o escritor ter sido retirada
da sua terra e para sempre impedida de levar uma vida em tudo semelhante à das
outras pessoas (primeiro, internaram-na, secretamente, no Asilo de Vilar, no
Porto, e, depois, mandaram-na para Espanha e fizeram dela freira de clausura
para o resto da vida.
Alfredo Barroso,
escrevendo no jornal "ionline", afirma que o "Milagre de
Fátima" nunca existiu, e que é um "produto do analfabetismo,
ignorância e crendice de três crianças aterrorizadas pela imagem de um Deus
cruel, vingativo e castigador". Para Barroso, o “milagre de Fátima”
tornou-se uma arma de arremesso contra a República, a liberdade e a democracia,
contra o ateísmo e o comunismo, numa clássica aliança entre “a espada e o
hissope” sob a égide do ditador Salazar.
Tomás da Fonseca,
autor de vários livros sobre o assunto e um dos maiores críticos de Fátima,
considera-o "o maior embuste deste século". Pretende que três sacerdotes,
que nomeia, decidiram promover umas aparições com intuitos meramente
lucrativos. Em 1971, João
Ilharco, feroz crítico de Fátima, publicou um livro - Fátima Desmascarada -
onde afirma ter sido tudo feito por meio de jogos de espelhos, sugestão das
multidões e outros estratagemas.