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quarta-feira, 10 de março de 2010

Parábola Budista do Rato Branco e do Rato Preto - O Circulo Vicioso da Eterna Escravidão - O Viajante e o Tempo


Após alcançar a iluminação, Budha passou a ensinar. Reuniu então pessoas dispostas a fazer o mesmo caminho que ele, e os aceitou como discípulos. Buda então prega uma filosofia de libertação radical, uma libertação final que livra a pessoa de tudo e todas as ilusões. 

É tão radical e profunda que a maioria das pessoas se assusta, e a maior parte não aceita para si mesmo(a) esse modo de vida. Buda fala sobre não sentir nenhum desejo, nem mesmo o desejo de libertação... ele fala de renunciar a todas as posses materiais, as qualificando como “correntes” que nos prendem as obrigações e deveres do plano material (maia, a grande ilusão).

Essas obrigações e deveres nunca acaba! Hora encarnamos como ricos (e com a riqueza todas as responsabilidades), hora encarnamos como pobres (e com a pobreza as decadências e frustrações), hora encarnamos como pessoas saudáveis (e com a saúde a perda de tempo com atividades fúteis e depois o lamento por perdê-la ao envelhecer), hora encarnamos como doentes (com a doença a dor e miséria mais profunda).

Esse processo nunca termina, é como se estivéssemos num carrossel, ele gira, gira... e nunca nos leva a lugar algum, sempre repetindo os mesmos dramas, ficamos então como prisioneiros de um processo interminável, vida após vida. Se algo não for feito, então ficaremos pela eternidade sempre repetindo os mesmos dramas, os mesmos condicionamentos Ad Infinitum!

Somos escravos mantidos dentro de um sistema prisional onde vivemos sob uma ilusão perpétua que não nos permite ver a realidade além

Então lá no inicio, no começo de suas pregações, um dos candidatos a discípulo fez a seguinte pergunta a Buda:

 -'Senhor Buda, a final... a troco do que eu vou renunciar a tudo e a todos? - Não consigo compreender o “por que” o apreciar a vida e todas as suas alegrias e tristezas é tão prejudicial...'

O Buda então olhou para aquela pobre criatura a sua frente, e pensou: - “como posso me fazer entender?”- por segundos meditou e então decidiu o que fazer, iria contar uma parábola. 

Buda começou:  Era uma vez um viajante feliz que atravessava sozinho os caminhos tortuosos de uma floresta densa (típica da Índia), ele estava muito contente, tudo era motivo de admiração, afinal a floresta é suntuosa, cheia de cores, pequenos e médios animais, aromas e agradáveis sons...


Os raios de sol entre as folhagens faz um belo efeito, é agradável ouvir o canto dos pássaros, respirar o ar puro de agradável fragrância. A temperatura agradável ajuda bastante, ele estava feliz e saltitante, era um dia lindo e merecia ser apreciado. Ele então segue muito feliz o caminho, mas a felicidade dele dura muito pouco... pois um tigre enorme pula logo atrás dele, e faminto tenta devorá-lo!


O viajante então se desespera e sai correndo a toda velocidade, o tigre logo atrás o persegue. Enquanto corre o viajante só pensa em uma coisa, fugir para bem longe, escapar desse grande sofrimento que é ser devorado vivo. 

Ele sua copiosamente, dos olhos esbugalhados sai até lacrimas de desespero (do viajante), o tigre logo atrás chega a dar baforadas na nuca do viajante, de tão perto que ele está de abocanha-no-lo.


Em um certo momento o tigre morde a mochila nas costas do viajante, e vários de seus pertences começa a cair, o tigre se atrapalha um pouco com os objetos, e perde um pouco da velocidade, ficando para atrás, mas ainda correndo para devorar o viajante. 

O viajante corre, corre, desesperado tenta salvar sua vida, lamenta constatar que está perdendo preciosos objetos, mas a vida é o maior bem de todos, por isso ele prossegue correndo. Mas enquanto corre o viajante vê logo a frente um grande despenhadeiro! 

O caminho é cortado por uma grande fenda de uns 7 metros de largura e 30 de profundidade, impossível de pular! A frágil ponte de cordas antiga que tinha ali já se deteriorou há muito tempo... agora só resta vestígios de pouca serventia.


Como escapar do tigre? Como pular uma largura tão grande? Morrer devorado vivo ou de uma queda mortal? Que escolhas sinistras! Chegando mais perto o viajante dominado pelo terror vê que ao que tudo indica tem uma saída! 

Acontece que existe uma árvore bodhi do outro lado do despenhadeiro, as árvores bodhi possuem galhos longos, de uns 4 metros em média, e no caso dessa árvore esses galhos tem cipós que descem até abaixo do nível do caminho, quase que tocando no fundo da fenda.

Árvore Bodhi, como vêem ela tem galhos muito longos que se projetam para todos os lados

O viajante sem pensar muito então pula com toda força e segura um dos cipós. Está salvo! Ou pelo menos momentaneamente salvo... O tigre fica na beirada do despenhadeiro e tenta com suas garras pegar o infortunado viajante. 

Este (o viajante) tenta se balançar para tentar chegar ao outro lado, mas o próprio movimento de “vai e vem” o coloca a cada tentativa mais próximo tanto do outro lado do caminho, como também da boca e das garras do tigre!


Ele logo percebe que não vai dar certo, então para de se balançar e olha para baixo, ele pensa - “Bem vou descer até o fundo do despenhadeiro e escapar” - mas eis que verifica que no fundo da fenda tem mais dois tigres! Estes esperam que o viajante dessa ou caia para poder devorá-lo! Se escapar de um já era difícil imagine dois!


O viajante não acredita na sua má sorte, ele então pensa – “Nesse caso vou subir, usarei os galhos da árvore para chegar do outro lado” – mas ele olha para cima e vê que tem dois ratos, um preto e outro branco roendo o cipó onde se segura! Percebe então que seus minutos estão contados! Precisa subir o mais depressa possível pelo cipó, senão vai ser devorado vivo!


Então começa a subir, mas por estar suado suas mãos escorregam, o cipó é vegetal e por isso ao ser espremido pelas mãos desesperadas do viajante começa a soltar seiva, essa seiva ajuda mais ainda na lubrificação maldita, e o viajante tem grandes dificuldades de subir. 

Ele então olha para baixo, os dois tigres rugem e tentam pular para alcançá-lo, ele olha para o caminho que atravessou, o primeiro tigre ainda tenta agarrá-lo, ele olha para cima os dois ratos estão a roer o único objeto de sua salvação. Medo! Medo! Suor copioso escorre por todos os poros, ele precisa subir ou vai morrer violentamente!

Budha sendo tentado pelos demônios pouco antes de alcançar a iluminação

Enquanto tenta subir, os movimentos faz sacudir os ganhos da árvore, em um dos galhos mais acima tem uma colméia de abelhas, e por causa dos sacudimentos uma gota de mel cai, o viajante por estar com a boca aberta olhando para cima (por conta de estar ofegante) acaba por acidente recebendo em sua boca uma pequena gota de mel. 

Ao sentir o sabor doce do mel, o viajante então esquece tudo... esquece o tigre do caminho da floresta, esquece os dois tigres que estão só esperando que ele caia, esquece os dois ratos que estão roendo o cipó onde se encontra, esquece como é escorregadio o cipó em que se segura... Ele por alguns instantes, que não soube precisar, só tem atenção para o prazer que aquela minúscula gota de mel li proporciona...

Prazeres efêmeros...

Depois desse breve momento de prazer, ele volta à realidade, não sabe dizer quanto tempo ele ficou distraído com a ínfima gota de mel. Quando olha para cima percebe que deve ter sido muito tempo, pois os dois ratos já estavam terminando de roer o cipó, ele então (o viajante) amaldiçoa sua falta de sensatez, e mal termina de se auto-amaldiçoar, pois o cipó arrebenta... ele cai nas garras dos dois tigres do fundo do abismo e sofre uma morte violenta, é esquartejado e devorado...


Buda então olha para o discípulo em potencial a sua frente e pergunta:

'O que achou?' -  O potencial discípulo responde - 'Nossa mestre! Que história trágica! Não desejo esse destino nem para o meu pior inimigo... o viajante estava tão esperançoso no começo da caminhada... - Budha então sorri e diz - 'certo, vamos a explicação da parábola' -  Essa parábola é um conto que tem a ver com a vida humana e suas efemeridades.

O viajante da história é todo homem e mulher que nasce nesse mundo, e vive desde a sua infância até a velhice. A Floresta suntuosa é o mundo material e suas maravilhas (o planeta), o caminho na floresta é as possibilidades e limitações que temos, não há liberdade total, apenas aparente, pois desde o nascimento temos que construir nossa vida dentro das possibilidades que nossos pais e ancestrais nos forneceram, assim se nascermos numa cidade rica teremos uma porção de possibilidades a nossa frente, a maioria delas positivas, se nascemos numa cidade pobre, então será o contrário...


O viajante não pode adentrar na floresta fora da trilha, pois terá de criar uma nova trilha, o que demandaria muito mais dificuldades a viagem, outras pessoas no passado fez a trilha aos poucos, sendo que a primeira teve de abri-la a machadadas.

Bem.. no inicio o viajante está contente, ele se maravilha com cada folha, pedra, pequeno animal que vê. Essa é a fase da infância, onde todas as pessoas, homens e mulheres, são ingênuos e abobalhados, acham graça de tudo.

Estão completamente despreocupados, tanto que dependem dos pais para sustentá-los, caso contrario morrerão de fome. Mas as crianças logo crescem, viram adolescentes e ai vão percebendo aos poucos em como a vida na realidade é dura, cinzenta e sem futuro. É caro ficar vivo, uma luta diária pela sobrevivência (pelo menos para a grande maioria é assim).


Esse é o momento que o tigre pula logo atrás do viajante e começa a persegui-lo, o tigre é a representação da morte, é a morte inevitável que chega, mais cedo ou mais tarde, para todos, homens e mulheres, ricos ou pobres, saldáveis ou deficientes. 

O tigre começa a perseguição, e no inicio está tão próximo que o viajante sente as fungadas do animal na nuca. 

Essa é uma representação da fragilidade que as pessoas estão durante a infância e o inicio da adolescência, onde os corpos pouco desenvolvidos são um fator de desvantagem diante de adultos plenamente formados. Doenças de pouca gravidade, tais como gripe, diarréia, envenenamento por alimento mal conservado, etc... são geralmente mortais para crianças, e num adolescente pode se agravar também (Obs. nesse caso devesse levar em conta a época em que se passa a história, e os poucos recursos médicos que possuíam).

A mortalidade infantil sempre foi muito alta na antiguidade, só a partir da revolução industrial é que a medicina se desenvolveu a ponto de melhorar muito esse quadro

Então para crianças e adolescentes, a morte sempre está muito próxima... O tigre então morde a mochila do viajante fazendo um rasgo, e os objetos vão caindo pelo caminho, muitos na cabeça do animal que então desacelera a perseguição.

Essa é uma representação das primeiras desilusões que as pessoas vão tendo, ao passar dos anos, os adolescentes vão aprendendo que toda aquela visão de mundo que tinham quando crianças é ilusório, as fantasias de infância vão sendo uma a uma abandonadas, mesmo as ilusões da adolescência vai sendo também abandonadas.

Na medida que as pessoas vão alcançando a fase adulta esse abandonar das fantasias insensatas dá mais chance para a pessoa sobreviver, as pessoas que insistem na realização de fantasias tolas, (da infância e adolescência), acabam por ser “abatidas” mais rápido pela dureza da existência.

A bem da verdade, é que a vida humana nesse nosso mundo é terrivelmente dura, triste e sem perspectivas. Mesmo os ricos(as) e belos(as) também passam por diversos perigos, e tem de lidar com responsabilidades ainda maiores.


O viajante lamenta a perda de suas coisas, isso é a representação de que as pessoas logicamente lamentam pelo mundo não ser aquele “paraíso” que fantasiavam, realmente é triste encarar a realidade nua e crua... A viajante se distancia um pouco do tigre, isso é a representação de que na fase adulta, se a pessoa for sensata, ela consegue se afastar razoavelmente bem da morte, suas expectativas não são tão ruins como no inicio. 

Então a viajante consegue avistar logo a frente que existe um precipício, essa é a representação do inevitável, o inevitável é as dificuldades inerentes a vida, só por estar vivo a pessoa tem de enfrentar diversas dificuldades e limitações que a carne (corpo) e o mundo natural impõe, além da política e economia de seu país. 

A pessoa então adulta, se preocupa já com o que fará até a velhice, e começa a pensar o que fazer e como agir, escolhe uma profissão e logo depois de formada passa a exercê-la. Chegando mais perto, o viajante percebe a gravidade da situação, o precipício é muito largo, não há como pular, ele é muito fundo, uma queda mortal... 

Mas não tem jeito, ele tem de encarar, o tigre está logo atrás... essa é a representação de quando a pessoa tem de se virar para se auto-sustentar, não pode mais contar com os pais para obter comida, moradia, gastos com roupas. É a fase em que a pessoa começa a trabalhar. 

O viajante então pula e agarra como pode o cipó que pende de uma árvore, o cipó é a representação da tênue fio da vida, a árvore é a representação da divindade, da real personalidade do ser, de Deus que possui a imortalidade e bem aventurança eterna.


Esse ser divino é tudo o que precisamos alcançar para escapar das misérias, decadência e sofrimentos físicos e emocionais. O cipó é uma pequena e subalterna parte que sai de Deus, nem é diretamente, pois o cipó é uma planta que se aproveita da árvore para viver, como um parasita, podemos dizer então que somos uma criação de um ser (ou seres) mais avançado, que não é Deus, mas tem um contato mais próximo com ele do que nós. 

Mas ao agarrar o cipó, o viajante logo percebe que está numa encrenca, pois ele é escorregadio, é difícil segurar. A própria força exercida pela mão no cipó, faz esse soltar seiva, pois está sendo exprimido. Essa é a representação de como a vida é difícil, de como é dificultoso mantê-la e tocá-la para frente, tendo de enfrentar diversos problemas o tempo todo. 

Desesperado o viajante olha para baixo, na esperança de descer e escapar do tigre, mas ai vê que lá embaixo tem mais dois tigres esperando... Essa é a representação da fatalidade intransponível da vida, ela sempre vai acabar em morte... a pessoa corre, corre a vida toda, junta dinheiro, faz universidade, estuda, busca em todas as partes uma saída (isso claro falando dos mais inteligentes, por que os alienados não fazem absolutamente nada, vivem sem pensar no amanhã).

Mas não importa o quanto lutem para escapar, a morte chegara mais cedo ou mais tarde... Mas a esperança do viajante ainda não acabou, ele olha para cima e pensa em escalar o cipó para chegar ao galho da árvore, fazendo isso ele poderá usar a própria árvore para chegar ao outro lado. 

Mas ao prestar mais atenção, nota que há um rato branco e outro preto roendo o cipó. Essa é a representação do tempo, o rato branco é o dia, o preto a noite, os anos vão passando, com a noite e o dia se revezando e levando embora a saúde, a sanidade e as forças das pessoas.


Não há tempo a perder, a cada dia você fica mais velho, a morte está cada dia mais próxima, se faz necessário agir o mais rápido possível, se quiser ter a esperança de alcançar a divindade, o galho salvador, o objeto que te levará a salvo para o outro lado onde será um Deus, acima das limitações humanas, então tem de agir sem demora. 

Mas no meio de toda essa loucura que é a vida, uma ínfima gota de mel cai na boca do viajante, o deixando extasiado, nesse êxtase ele esquece todo o perigo, toda a urgência, todo o esforço que tem que fazer, ele não lembra mais do tigre da trilha, nem dos dois tigres que estão esperando ele cair, nem dos dois ratos roendo a única esperança de salvação que tem, não, ele apenas tem atenção agora para o doce da gota de mel, para o prazer que o sabor provoca. 

Essa é a representação dos efêmeros prazeres que as pessoas tem durante a vida, num oceano de sofrimento, existe gotas de prazer... tais como Sexo, Comida, diversões diversas como viagens, esportes, festas, e claro também o amor sensual (homem mulher) e os filhos... Tudo isso é efêmero, tudo isso tem prazo de validade, tudo isso vai passar, vai estragar e no final vai feder inclusive... é como diz o provérbio, tudo que é bom dura pouco!

Posses materiais, apesar de bom, são efêmeras, pois não pode livrar o ser humano da escravidão do sistema da vida

A gota de mel é saborosa, mas logo passa, então o viajante volta a realidade e se arrepende profundamente, pois perdeu muito tempo com a misera gota adocicada, aquele prazer doce que ela proporcionou passou, e agora fica apenas o amargo do arrependimento.

Ele perdeu minutos preciosos, o rato branco e o preto já estão terminando de roer. Lamentando a sua tolice o viajante vê a corda arrebentar, e ele cai na boca dos tigres e morre esquartejado... essa é a representação de toda a insensatez humana, onde as pessoas se entregam a efemeridades, sem perceber que estão perdendo preciosos anos, que poderiam dedicar a coisas mais importantes, tais como alto-conhecimento, entendimento da natureza real da vida, de Deus, de seu real papel no universo, etc...

Conhecimentos esses que poderiam levar ao ativamento de potencias ocultos, e superação das limitações dessa realidade limitada da Terra. Tudo isso poderia ser a saída tão almejada desse circulo vicioso da destruição, mas a grande maioria perde seus melhores dias correndo atrás de fantasmas, tais como uma mítica “felicidade” que nunca é alcançada, uma felicidade baseada em conceitos pueril, tais como casamento, riqueza material, beleza física, criação de filhos, etc...

A existência humana é miserável e sem sentido...

Na velhice, uma parte dessas pessoas se arrepende, e então passam os últimos dias de suas vidas lamentando, amargando os anos desperdiçados. E assim morrem em meio ao desgosto e decadência moral e física. 

Ao terminar a explicação o Buda nota que o futuro discípulo está atônito, ficou branco de medo, paralisado de pavor - Olhando então os olhos esbugalhados do homem a sua frente, o Buda continua - E se achou essa constatação terrível, saiba amigo que a estupidez humana é ainda mais absurda, pois as muitas existências é um fato, então o mesmo cenário se repete vida após vida, como se fosse um pesadelo de onde não se pode escapar. 

Se não houver alguém que possa te acordar, então você repete o mesmo drama, não uma, nem duas e nem três vezes, mas centenas e centenas de vezes. E se não fizer um esforço para acordar desse pesadelo, vai continuar a repetir todo o trajeto, uma vez que venha a morrer esquece tudo e repete a mesma história triste na vida seguinte, mas na sua alma todas as impressões negativas vão sendo acumuladas, causando então diversos problemas psicológicos e físicos. (Obs. é o que nós do “Salto” chamamos de Imprints Negativos).


E então, compreendeu os benefícios de renunciar a tudo e a todos para alcançar a libertação? -"Perguntou buda"- O que fazemos aqui, nessa filosofia que venho a divulgar, é o convite de abandonarmos tudo o que nos atrapalha na tarefa de alcançar a árvore da imortalidade, da sabedoria, a nossa divindade.

Eu identifiquei tudo o que nos impede de chegar a divindade, trilhei o caminho e agora por piedade venho ensinar os outros, para que não percam o tempo que perdi, para que tenham mais chances de chegar a divindade e alcançar a imortalidade ainda nessa vida. Ali, onde a morte não está a espreita, onde a vida é gloriosa, fácil e feliz. 

Não uma felicidade efêmera, mas sim uma felicidade duradoura, que não se corrompe com o tempo, e nem se estraga com as eras. E então, o que prefere, repetir o mesmo drama do viajante da floresta cheia de perigos, ou começar hoje, nessa vida a concentrar esforços para o despertar de sua divindade interna?


O candidato a discípulo, já com lagrimas nos olhos, faz o sinal de respeito, com as mãos juntas, e se ajoelha diante do Sábio. Ele compreendeu, e agora se dispôs a começar a caminhada rumo à libertação do Samsara.


Quem Foi Budha?

Budha nasceu há 2.500 anos atrás em Lumbini (Nepal).


Ele nasceu em uma família rica (realeza) e até a idade de 29 anos viveu uma vida de luxo e prazer. Ele descobriu, contudo, que tal prazer era temporário e não poderia nunca levá-lo à felicidade plena. Qualquer felicidade que você encontrar na vida irá eventualmente ser erodida pela velhice, doença ou morte, ele reconheceu então e efemeridade da vida humana.


Assim o Buda largou a vida no palácio do pai, suas 4 esposas, seus filhos e tornou-se um asceta, determinado a encontrar o caminho que o levaria a libertação das limitações humanas. Por seis anos, às vezes trabalhando com outras pessoas (ascetas da floresta), outras sozinho, ele experimentou variadas práticas, freqüentemente privando-se de alimento na crença de que, ao ignorar os desejos do corpo, suas habilidades espirituais avançariam. 

Ele alcançou algum sucesso, mas não a libertação infinita que procurava. Foi então que um dia, desanimado com o insucesso de sua busca depois de 4 anos, foi até a beira do rio próximo para beber um pouco de água. Enquanto bebia ele ouviu uma conversa entre dois pescadores, um já experiente e o outro novato, o experiente ensinava assim ao novato - “Escuta, você não deve jogar a rede muito próxima do barco, pois os peixes se assuntam com ele (o barco) e ficam distantes, desse jeito não pescará nada, mas se jogar muito distante, quando for puxar a corda arrebenta, pois a rede vai pegar muito peixe e assim fica muito pesado, então jogue a rede a meio caminho, nem perto demais e nem longe demais do barco”.


Ouvindo isso, Budha em um instante compreendeu o que tinha acontecido, no inicio, quando era príncipe e vivia na bonança, ele estava como que “jogando a rede muito próxima” do barco, por isso não “pescava” nenhuma compreensão. 

Já depois, quando se tornou um Asceta, ele renunciou a tudo, e há todos, levando o seu corpo até o limite, vivendo desprotegido do sol e das chuvas, em meio aos insetos e da sujeira. Ele estava então fazendo o oposto, jogava a corda muito longe, e por isso a corda estava arrebentando...


O verdadeiro caminho não é nem o da inércia, nem o da exagerada ação, mas sim o da temperança, nem forçando demais, nem se esforçando além do que o corpo pode suportar, todos devemos seguir o 'caminho do meio'. Feliz com a sua descoberta foi contar aos seus companheiros ascetas, mas nenhum deles aceitou os argumentos, e ainda o consideraram um traidor de seu voto de vida renunciada.

Budha compreendeu que eles estavam num estagio ainda muito primitivo, mas que um dia, nas próximas vidas, iriam reconhecer a verdade. Então, o Budha voltou ao palácio e depois de um ano onde se recuperou da severidade dos 4 anos de ascetismo, ele foi a um lugar chamado Bodh Gaya e ali, agora saudável e bem disposto, voltou a praticar as técnicas de meditação. 

Praticou por mais alguns meses, e num belo dia ao sentir que estava próximo de alcançar a plena iluminação sentou-se embaixo de uma árvore, determinado a não levantar-se até alcançá-la de uma vez por todas.


Conforme meditava, veio a entender a natureza da existência e o caminho que levaria a livrar-se de todo o sofrimento que os seres experimentam. Ele também reconheceu que todos nascemos diversas vezes e que as condições em que nascemos dependem de nossos feitos passados - boas ações levam a estados de melhor situação dentro do mundo material - más ações levam a estados de pior situação. 

Ele também percebeu que a idéia de sí mesmo ou de alma permanente era uma ilusão. O Budha então defrontou-se com uma escolha - deveria compartilhar seus conhecimentos com o mundo, e ai adiar por anos o dia de sua ascensão? Ou deveria partir sem demora para a felicidade e bem aventurança eterna? - Por compaixão o Budha escolheu o primeiro e logo começou a ensinar a todos aqueles que desejassem aprender.


Pelos quarenta e cinco anos seguintes, ele viveu como um monge itinerante, agregando muitos seguidores. Ele morreu com oitenta anos, deixando a seguinte instrução - "Esforcem-se com diligência" [isto é, com sabedoria, cuidado, temperança]. 

O Buda não foi um deus e não professava sê-lo. Ele foi um ser humano muito especial que logrou sucesso em encontrar o caminho para o fim do sofrimento. O budismo é normalmente referenciado como uma religião sem Deus. Isso é verdade. O budismo não tem uma dimensão cosmológica, mas sua figura suprema é o Buda, ao invés de um Deus ou deuses.


O que é o Samsara? 

Samsara, segundo religiões orientais (como o Budismo e o Hinduísmo), é o ciclo de reencarnações ao qual todos nós estamos fadados, e que nos prende na Terra, que é um lugar de sofrimento.

A libertação do Samsara ocorre quando se atinge a Iluminação, o Nirvana, e para Buda a forma de conseguir, isto é, meditar e seguir o caminho das 8 vias, ou o caminho óctuplo, que corresponde a quarta nobre verdade do Budismo e consiste em:

* Compreensão Correta: Conhecer as Quatro Nobres Verdades de maneira a entender as coisas como elas realmente são, e com isso gerar uma motivação de querer se liberar de dukkha e ajudar os outros seres a fazerem o mesmo.

* Pensamento Correto: Desenvolver as nobres qualidades da bondade amorosa, não tendo má vontade em relação aos outros, não querendo causar o mal (nem em pensamento), não ser avarento, e em suma, não ser egoísta.

* Fala Correta: Abster-se de mentir, falar em vão, usar palavras ásperas ou caluniosas, e ao invés disso, falar a verdade, ter uma fala construtiva, harmoniosa, conciliadora.

* Ação Correta: Abster-se de matar, roubar, tomar entorpecentes e ter conduta sexual indevida, e ao invés disso, promover a vida, praticar a generosidade e não causar o sofrimento através de práticas sexuais.

* Meio de Vida Correto: Evitar qualquer ocupação que prejudique os demais, tais como tráfico de drogas ou matança de animais, e ao invés disso, olhar os outros com amor, compaixão, alegria e equanimidade, que são as quatro qualidades incomensuráveis, e na prática do dia-a-dia, praticar os seis paramitas da generosidade, ética, paz, esforço, concentração e sabedoria.

* Atenção Correta: Praticar autodisciplina para obter a quietude e atenção da mente, de maneira a evitar estados de mente maléficos e desenvolver estados de mente sãos.

* Sabedoria Correta: Desenvolver completa consciência de todas as ações do corpo, fala e mente para evitar atos insanos, através da contemplação da natureza verdadeira de todas as coisas.

* Visão Correta: Com todos os outros passos realmente realizados internamente, ter uma visão correta em relação ao mundo e à vida, e agindo de acordo com essa visão.
ou deuses.

Budismo não é Religião, é uma Ciência de como controlar e direcionar a mente para aprimorá-la 





Bruno Guerreiro de Moraes, apenas alguém que faz um esforço extraordinariamente obstinado para pensar com clareza...

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O que Está Acontecendo?

- “A maior revelação que o ‘Salto’ traz não é consolador, mas sim perturbador. O Mundo em que estamos é um campo de concentração para extermínio de uma Superpotência do Universo Local”. (Bruno Guerreiro de Moraes)

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