Edição do dia 15/07/2012 / 15/07/2012 00h00 - Atualizado em 11/12/2012 10h37
Rosane Collor revela que ex-presidente fazia rituais de magia negra na Casa da Dinda
Fernando Collor e Rosane ficaram casados por 22 anos. Há sete anos se separaram. Agora brigam na Justiça em um processo litigioso.
Vinte anos depois do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo, a ex-mulher dele decide abrir o jogo sobre esse período conturbado da história do Brasil. Rosane Collor diz que o ex-marido mentiu sobre as relações dele com Paulo Cesar Farias, o PC Farias, figura que comandava um esquema de corrupção dentro do governo.
Rosane conta mais: confirma que para se defender de inimigos políticos, o então presidente Collor participava de sessões de magia negra nos porões da Casa da Dinda, a residência oficial do casal em Brasília. A reportagem é de Renata Ceribelli.
Fantástico: Você tem saudade do poder?
Rosane: O poder é efêmero, o poder um dia acaba.
Em 1990, quando Fernando e Rosane Collor de Mello se tornaram o presidente e a primeira-dama mais jovens do Brasil, ele com 40 anos e ela com 26, ninguém poderia imaginar essa cena: a Rosane, que chamava atenção pelas roupas caras e extravagantes, passando sempre a imagem de mulher poderosa, hoje se senta com a Bíblia entre as mãos em cultos evangélicos para pedir ajuda e dar testemunhos como esse:
Rosane: E olha que eu tive muitos momentos em que eu disse: ‘Jesus, me leva, aqui nessa terra eu não quero ficar mais’.
Fernando Collor e Rosane ficaram casados por 22 anos. Há sete anos se separaram. Agora brigam na Justiça em um processo litigioso.
Nesta entrevista, Rosane fala pela primeira vez sobre o que viu e viveu na presidência do ex-marido, hoje senador. São revelações inéditas, que confirmam boa parte do que Pedro Collor, irmão já falecido do ex-presidente, disse há 20 anos, detonando o processo de impeachment, o afastamento de Fernando Collor do poder.
A versão de Rosane estará também num livro que ela escreve com o jornalista Fábio Fabretti.
"Eu me considero um arquivo vivo. E eu digo em todas as entrevistas, e inclusive já disse na Justiça, que se algo acontecer na minha vida, o responsável maior será Fernando Collor de Mello”, diz a ex-primeira-dama.
Rosane conta que chegou a ser ameaçada ao decidir ir à casa de uma pastora chamada Maria Cecília, da Igreja Resgatando Vidas para Deus. Cecília era amiga do casal Collor, e antes de se converter à Igreja, se dedicava ao que Rosane chama de magia negra.
Nesse encontro, a pastora distribuiu uma gravação em que revelava trabalhos de magia feitos por encomenda do ex-presidente na Casa da Dinda, a mansão da família Collor em Brasília. Revelações que Rosane confirmará nessa entrevista.
Rosane: Eu recebi um telefonema dizendo que eu não fosse a esse evento porque, se eu fosse, eu iria, mas eu não voltaria. E eu repreendi, disse que não tinha medo.
Fantástico: E você acha que foi ele? Ou foi ele que te ameaçou?
Rosane: Foi ele que ameaçou.
Fantástico: Ele te ligou e pessoalmente te disse isso?
Rosane: Um telefonema anônimo. Eu não sei se era ele que estava no telefone. Eu sei que eram pessoas que falavam dizendo que ele tinha mandado ligar, dizendo que eu não fosse para aquele culto, porque se eu fosse eu não voltaria.
Para entender as acusações de Rosane Collor de Mello contra o ex-marido, é preciso relembrar um dos momentos mais dramáticos da história do país. O ano é 1989. O Brasil está eufórico por votar para presidente da República depois de 29 anos sem eleições diretas.
Fernando Collor se lança candidato como o defensor dos humildes, o caçador de marajás, como eram conhecidos os funcionários públicos que recebiam supersalários. “Vamos fazer do nosso voto a nossa arma, para retirar do Palácio do Planalto os maiores marajás desse país”, disse em discurso na época.
A estratégia funcionou. Collor venceu com 35 milhões de votos. Lula ficou em segundo, com 31 milhões. O novo presidente assumiu em 15 de março de 1990. Pouco tempo depois da posse, começaram a circular as primeiras denúncias de corrupção envolvendo o nome do tesoureiro da campanha, Paulo César Farias. PC, como ficou conhecido, era acusado de pedir dinheiro a empresários em troca de privilégios no governo.
“Toda e qualquer denúncia tem que ser exemplarmente apurada”, declarou Collor, em 1991. Em maio de 1992, estoura a bomba: em entrevista à revista Veja, o próprio irmão do presidente, Pedro Collor, afirma que PC Farias era testa-de-ferro de Fernando Collor. O presidente, segundo as declarações do irmão, sabia das atividades criminosas de seu ex-tesoureiro.
RITUAIS DE MAGIA NEGRA
Dez meses depois, Pedro vai além. Em entrevista ao Jornal do Brasil, diz que Collor e Rosane faziam o que ele, Pedro, chamou de rituais de magia negra. E na própria Casa da Dinda, que era a mansão da família Collor, em Brasília. Hoje, Rosane conta detalhes sobre esses rituais. E relata como foi o encontro com Maria Cecília, no dia em que teria sido ameaçada por telefone.
Rosane: Já tem bastante tempo que ela aceitou Jesus, ela hoje é pastora, e ela estava fazendo lançamento de um novo CD, onde ela contava todas as experiências.
Fantástico: Inclusive os rituais de magia negra que aconteciam.
Rosane: Inclusive os rituais de magia negra que eles faziam, mas não com a minha participação, porque algumas coisas eu participei, mas a grande maioria eu não aceitava participar.
Nesse CD a que Rosane se refere, Maria Cecília relata duas fases desse trabalho com Fernando Collor. Uma para ele chegar à Presidência: “Foi um trabalho muito sério.
Foi um trabalho muito imundo, podre, nojento, para que se colocasse ali, na Presidência da República, aquele homem para administrar o Brasil”. Outra, com ele já presidente, nos porões da Casa da Dinda. Nesse trecho, Maria Cecília fala dela mesma como se falasse de outra pessoa:
“E ela teve que ir para Brasília, improvisar na Casa da Dinda, lá nos porões da Casa da Dinda, um lugar que fosse para o atendimento do marido e da esposa que estavam na Presidência da República. E ela deu continuidade àquele trabalho por um longo tempo”. Depois, Cecília confirmaria numa entrevista à revista Época a realização desses rituais.
Fantástico: Nesse livro, você vai contar justamente sobre esses rituais que ele não gostaria que fossem contados.
Rosane: Com certeza.
Fantástico: Que rituais são esses?
Rosane: Trabalhos em cemitérios, trabalhos muito fortes.
Fantástico: E com animais, o que acontecia?
Rosane: Com animais era matança mesmo. Mata galinhas, mata boi, vaca. São animais que são sacrificados. Uma imagem mostra a proximidade de Maria Cecília com Fernando Collor: em 1991, ela sobe a rampa ao lado do presidente, e trocando sorrisos.
A cor branca do terno teria sido uma orientação de Cecília. Também por orientação dela, segundo Rosane, Collor fazia rituais com a intenção de se proteger de inimigos políticos. Tentando fazer com que fossem atingidos pelo mal que desejassem contra ele.
Rosane: O Fernando fez ritual de ficar isolado, na Casa da Dinda ele ficou. Tem um porão e ele ficou durante três dias isolado mesmo, como se fosse se consagrando.
Fantástico: Com animal morto?
Rosane: Mas não no mesmo local. Dormindo numa esteira, ficando ali vestido com roupa branca.
Fantástico: E ele fazia isso pedindo o quê?
Rosane: Porque ele acreditava que pessoas que desejavam mal pra ele, fazendo isso, o mal que as pessoas mandavam pra ele voltava.
Fantástico: Durante quanto tempo vocês fizeram esse tipo de ritual?
Rosane: Quando eu conheci o Fernando ele já frequentava esses ambientes. Enquanto a gente esteve casado, ele praticava.
Rosane afirma acreditar que esses rituais deram origem ao que ela chama de "Maldição do Collor", e que ela e Maria Cecília só escaparam por terem aceitado Jesus.
Rosane: Eu e a Cecília somos duas pessoas que estamos vivas. Eu não acredito em coincidência, eu acredito em ‘jesuscidência’. E somos duas pessoas que estamos vivas por ter aceitado Jesus.
Fantástico: O que você chama de "Maldição do Collor"?
Rosane: De as pessoas que tentaram prejudicá-lo. Vários exemplos morreram de morte estranha. Eu acredito na maldição, de aquilo que quando você deseja o mal para alguém, isso pode acontecer.
Fantástico: Quantas pessoas morreram de maneira estranha?
Rosane: Eu não sei quantas pessoas foram.
Fantástico: Quais foram as que você atribui à maldição? A mulher do PC Farias?
Rosane: É que era uma pessoa que não tinha muito carinho pelo Fernando. Ela não gostava do Fernando. Agora jamais vou afirmar que o Fernando fez algum trabalho para que ela fosse morta.
Pedro Collor morreria em 1994, vítima de um câncer no cérebro.
Dois anos antes, as denúncias feitas por ele na revista Veja provocaram a criação de uma CPI, e Collor tentou uma cartada: ele pediu o apoio popular. “Que saiam no próximo domingo de casa com alguma peça de roupa com uma das cores da nossa bandeira! Que exponham nas janelas! Que exponham nas suas janelas toalhas, panos, o que tiver nas cores da nossa bandeira.
Porque assim, no próximo domingo, nós estaremos mostrando onde está a verdadeira maioria”, pediu Collor, em 14 de agosto de 1992. Dois dias depois da conclamação, em vez de usar verde e amarelo, milhares de jovens que ficariam conhecidos como caras-pintadas vão para as ruas vestindo preto. E pedem o afastamento do presidente.
RELAÇÃO DE FERNANDO COLLOR COM PC FARIAS
Em junho, Collor tinha feito um pronunciamento em rede nacional negando que mantivesse contato com PC Farias. “Há cerca de dois anos não encontro o senhor Paulo César Farias, nem falo com ele. Mente quem afirma o contrário”, disse em 20 de junho de 1992. Hoje, Rosane, pela primeira vez, desmente o ex-marido. E diz que, por isso, Collor tem medo do livro que ela está escrevendo:
Fantástico: Quem você acha que está temendo hoje pelo lançamento do seu livro?
Rosane: Eu prefiro acreditar que tem pessoas que estão receosas.
Fantástico: Quem?
Rosane: O próprio Fernando, né? Porque eu acredito que eu vou contar coisas que ele não gostaria de ser contada.
Fantástico: Por exemplo?
Rosane: Vou dar um exemplo forte. O PC continuava, ele tomava café da manhã na Casa da Dinda. E ele disse que não, e acontecia. Uma vez por semana, ele tomava café na Casa da Dinda com Fernando, presidente da República.
Agora, depois que começaram a sair as notícias ruins, aí ele nunca mais foi tomar café na nossa casa. Até porque o PC era tesoureiro do Fernando na época da campanha. Ele é quem fez toda a arrecadação, isso todo mundo sabe.
Fantástico: E depois da campanha, depois de eleito, qual era a relação de Fernando Collor de Mello com PC Farias?
Rosane: De amizade, eles eram amigos.
Fantástico: Mas no governo?
Rosane: Eu acredito que ele tinha influência. Eu acredito não, eu tenho certeza absoluta que o PC teve influência no governo. Tanto que ele tinha irmão que foi ser da Saúde.
Fantástico: Mas o Fernando Collor de Mello negou essa informação na época, dizendo que ele não tinha contato com o PC Farias. Por que ele negou?
Rosane: Não sei por que ele negou.
Fantástico: Você perguntou para ele?
Rosane: Perguntei, ele falou que preferia que fosse assim.
Fantástico: Quem tinha mais influência sobre Fernando Collor de Mello. Rosane Collor ou PC Farias?
Rosane: Nossa, eu acredito que o PC Farias. Rosane lembra que em 1993, quando foi decretada a prisão de PC Farias, a mulher dele, Elma, saiu em defesa do marido: “O Paulo César não agiu sozinho, ele teve alguém que mandou. O chefe maior foi quem mandou ele fazer isso.”, disse na época.
Fantástico: E o chefe era o Fernando Collor?
Rosane: Eu acredito que, quando ela falou nessa entrevista, eu acredito que ela tenha falado do Fernando.
Rosane revela que, quando foi presidente da Legião Brasileira de Assistência (LBA), teve problemas com PC Farias.
Rosane: Uma certa manhã, nós estávamos tomando café da manhã na Casa da Dinda, eu era presidente da LBA de fato, e no café da manhã, eu fui conversar com o Fernando e o PC estava lá, e eu disse que eu não gostaria que o PC viesse interferir na LBA.
Fantástico: Que tipo de interferência ele queria fazer?
Rosane: Colocando muitas pessoas para trabalhar em cargos importantes.
Fantástico: Pessoas dele?
Rosane: Pessoas ligadas a ele. Eu disse que eu não ia permitir.
Fantástico: Isso coincidiu com a primeira crise do casal, no final de 1991?
Rosane: Exatamente. Foi aí a grande crise que nós tivemos no casamento. Fernando Collor não se preocupou em esconder que durante o período de crise no casamento andava sem a aliança.
Rosane revela como o presidente e a primeira-dama mais jovens da história eram assediados nos salões da política.
PRESENTES PARA A PRIMEIRA-DAMA
Fantástico: Vocês eram um casal jovem, bonito. Tinha muito assédio sobre vocês?
Rosane: Com certeza. Eu acredito que de ambas as partes.
Fantástico: Muita mulher dando em cima do Fernando Collor?
Rosane: Muitas mulheres.
Fantástico: Muito homens dando em cima de você também?
Rosane: Com certeza. Isso é natural. Até pelo fato de a primeira-dama ser jovem, até pelo fato do presidente ser jovem, ter 40 anos de idade.
Fantástico: Você, como primeira-dama, foi assediada?
Rosane: É normal. As pessoas olham, se encantam.
Fantástico: Foi cantada?
Rosane: Não sei se cantada, mas palavras mais gentis.
Fantástico: Presentes?
Rosane: É, ganhei. Presente de joias, e eu entregava pra ele. Para saber o que eu fazia.
Fantástico: Homens te mandando joias de presente?
Rosane: É, de presente. Dava presente. Dizia: 'era presente para a primeira-dama'. Normal.
Mais tarde, a própria Rosane foi afastada da presidência da LBA, sob acusações de desvio de verbas.
Rosane: Em relação a isso eu não faço mais nenhum comentário, porque o Supremo Tribunal Federal me deu ganho de causa por unanimidade.
PC Farias foi preso em 1993, e em 1996, quando estava em liberdade condicional, foi encontrado morto em Maceió. A polícia concluiu que PC foi morto pela namorada, que se suicidou em seguida, mas o crime nunca foi completamente desvendado.
Fantástico: Onde você e o Collor estavam quando o PC Farias morreu?
Rosane: Nós estávamos no Taiti.
Fantástico: Como que vocês receberam essa notícia?
Rosane: Ele ficou preocupado. Agradeceu por não estar lá, porque poderia passar na cabeça das pessoas que ele poderia estar envolvido.
Fantástico: Você achou?
Rosane: Não, em nenhum momento. Como acredito que ele não está envolvido na morte do PC.
IMPEACHMENT DE FERNANDO COLLOR
O momento decisivo da carreira política de Fernando Collor de Mello aconteceu no dia 24 de agosto de 1992. A CPI encarregada de investigar as denúncias contra o presidente concluiu: “Os documentos apresentados hoje pela Comissão Parlamentar de Inquérito apontam as ligações do presidente Collor e de sua família com o chamado esquema PC”, noticiou o Jornal Nacional em 24 de agosto de 1992.
Os documentos registram uma reforma de US$ 2,5 milhões na Casa da Dinda, a mansão da família Collor, em Brasília; a compra de um carro Fiat Elba; e despesas pessoais, tudo pago por cheques de fantasmas, ou seja, de pessoas fictícias, inventadas, o que caracteriza crime contra a probidade na administração, um crime de responsabilidade, cuja pena é a perda do cargo. A votação do relatório pelo plenário da Câmara aconteceu no dia 29 de setembro de 1992.
Fantástico: O momento do impeachment. O momento da votação. Onde você estava?
Rosane: Nossa, foi muito tenso. Eu ia ficar com ele, eu queria assistir lá na presidência, no Planalto. Mas ele falou que não queria. Que ele queria assistir sozinho.
Em cada minuto, cada voto que era dado, ele ligava pra mim. Aí no momento que ele viu que não tinha mais jeito, que realmente o impeachment ia acontecer, ele realmente ficou desesperado.
Fantástico: Quando vocês se encontraram depois disso, o que ele te falou?
Rosane: Só nos abraçamos. Quando ele chegou em casa, nos abraçamos, eu tentei acalmá-lo, tranquilizá-lo e dizer: ‘Vai passar, eu estou aqui contigo, eu vou estar sempre do teu lado’.
Em entrevista ao repórter Geneton Moraes Neto, no Fantástico, Fernando Collor admitiu que pensou no pior, no suicídio.
Rosane lembra que nesse momento ficou apavorada.
Rosane: Eu procurei tirar as armas que tinham dentro de casa, eu tirei. Até por precaução, porque num momento de desespero a pessoa pode fazer. Então eu tentei durante muito tempo. Eu comecei a ter problema de insônia, porque eu já não conseguia dormir.
Eu ficava angustiada, achando que ele era capaz de fazer alguma coisa. Então qualquer movimento dele, nos primeiros dias, se ele levantasse da cama, eu estava com o sono tão leve, era uma coisa impressionante, era tão leve meu sono que ele levantava e eu já acordava. Podia ser o que fosse, eu acho que nem dormia.
Fantástico: Ele ia para o banheiro...
Rosane: Ele ia para o banheiro, eu já acordava e corria atrás dele. Ele dizia: "Calma, Quinha, eu estou no banheiro". Eu achava que, não sei, que ele pudesse cometer, porque foi tudo muito rápido, foi uma coisa muito rápida...
Fantástico: Cometer suicídio?
Rosane: Eu achei que ele pudesse cometer. Aprovado na Câmara, o pedido de impeachment seguiu para o Senado já no dia seguinte, sendo também aprovado e dando início ao julgamento de Collor, que deveria estar concluído em até 180 dias.
Até lá, Collor ficaria afastado da presidência temporariamente, sendo substituído pelo vice Itamar Franco, o que, seguindo os trâmites oficiais, só aconteceu em 2 de outubro de 1992. Foi o dia em que Collor desceu a rampa do Palácio do Planalto pela última vez.
Rosane: Então, naquele momento, quando ele assinou, ele estava muito triste, ele estava muito abatido, ele estava muito magro. Estava depressivo, já não conseguia se alimentar direito.
E naquele momento, quando ele assinou e nós fomos descer a rampa e ele quis baixar a cabeça, eu segurei na mão dele, e disse: ‘Vamos, levanta a cabeça, vamos em frente que a gente vai conseguir’.
Em 29 de dezembro, o Senado se reúne sob o comando do então presidente do Supremo Tribunal Federal, Sidney Sanches, para julgar se Fernando Collor era mesmo culpado pelo crime de responsabilidade, apontado pela Câmara. Se condenado, Collor continuaria afastado, não voltaria à Presidência e ficaria inelegível por oito anos.
Para escapar dessa punição e garantir seus direitos políticos, ele tenta uma manobra de última hora: renuncia à Presidência. Mas a tentativa não dá certo. Resultado: Fernando Collor é finalmente condenado. Na esfera criminal, dois anos depois, Collor enfrentou no STF a acusação de corrupção passiva.
Alegou que as despesas apontadas pela Câmara foram pagas com sobras do dinheiro da campanha de 1989 e com um suposto empréstimo feito no Uruguai. Collor alegou também desconhecer que suas contas eram pagas por meio de cheques de fantasmas.
Para condená-lo por corrupção passiva, era necessário que a procuradoria provasse que Collor recebeu dinheiro em troca de favores e serviços prestados a corruptores. Mas, no entendimento do STF, a procuradoria não conseguiu nenhum documento que provasse isso de forma inequívoca.
Por essa razão, por cinco votos a três, o Supremo absolveu Collor da acusação de corrupção passiva.
Hoje, Rosane faz uma avaliação sobre o passado.
Fantástico: Você estava preparada para tanto poder?
Rosane: Ah, não, de jeito nenhum, acho que a gente não estava preparado.
Fantástico: Você se deslumbrou?
Rosane: Eu acho que todo mundo se deslumbra. Eu acho que chega o momento que a gente vê. Eu chegava e estava ao lado da princesa Diana. Eu estava jantando com a princesa Diana.
Collor voltou à política em 2002 e perdeu a eleição para o governo de Alagoas. Em 2006, foi eleito senador pelo mesmo estado. A separação de Rosane e Fernando Collor tinha ocorrido um ano antes, em 2005.
Fantástico: Essa casa onde você vive é de quem?
Rosane: Essa casa, hoje ela está, ele colocou porque ele tem um débito comigo na pensão alimentícia.
Segundo Rosane, a dívida de Collor é de R$ 950 mil. Ela briga na Justiça para ter acesso a parte dos bens que o ex-marido acumulou na vida pública. Os dois eram casados em regime de separação de bens. Quando casou, Rosane tinha 19 anos.
Fantástico: Vocês se casaram em que regime?
Rosane: Antes, em separação de bens total. Eu não sabia, eu achava que tinha sido parcial. Eu achava que aquilo que ele tinha antes era dele. E aquilo que a gente construísse seria nosso. Mas infelizmente, pela minha imaturidade, eu assinei um documento que eu não sabia o que estava fazendo.
PENSÃO DE R$ 18 MIL
Fantástico: Você pode dizer de quanto é sua pensão hoje?
Rosane: É de R$ 18 mil. É a pensão que eu recebo.
Fantástico: E você acha pouco?
Rosane: Pela vida que ele tem, sim. Eu vejo amigas minhas que se separaram. Tenho um caso de uma amiga minha que se separou, o marido não é ex-presidente, não é senador da República, e tem uma pensão de quase R$ 40 mil.
Fantástico: E você, o que sente por ele?
Rosane: É aquilo que eu digo: o Fernando foi o grande amor da minha vida, mas também foi minha grande decepção.
Durante duas semanas, nós tentamos ouvir o senador Fernando Collor sobre as declarações da ex-mulher, Rosane. No último contato, o ex-presidente respondeu que não falaria "nem um minuto, nem meio minuto" sobre as revelações da ex-primeira-dama. Procuramos também a pastora Maria Cecília, mas ela não quis receber a nossos repórteres. Disse apenas que considera os rituais na Casa da Dinda assunto encerrado.
Pai de Santo revela que ajudou Collor a ser Senador e que sacrificou 400 búfalos para o ex-presidente
Além dos rituais de magia negra comandados por uma feiticeira na Casa da Dinda, na década de 90, Fernando Collor também contou com outros serviços de cunho espiritual para limpar seu caminho na política.
Em entrevista à revista Isto É, o pai de santo Ralf Genary revelou que foi procurado por Collor após o impeachment e chegou a sacrificar 400 búfalos em trabalhos para o ex-presidente.
- Desfiz a macumba que derrubou ele da Presidência, impedi seu suicídio, consegui a absolvição no STF e o mandato de senador. Tudo com ajuda espiritual da entidade Maria Padilha. Sacrifiquei 400 búfalos - contou o pai de santo, que aparece em foto ao lado de Collor e a ex-mulher, Rosane.
Na imagem, o então casal aparece de branco, sentado ao lado do religioso: Collor segura um charuto e Rosane exibe penteado bem semelhante ao que mantinha à época do impeachment. O registro, publicado pela revista, está circulando nas redes sociais desde a última terça-feira.
O pai de santo também afirmou que Rosane teria mentindo no depoimento ao ‘Fantástico’, no dia 15 de Julho de 2012. Na entrevista, a ex-primeira dama Rosane Collor contou detalhes dos rituais que eram promovidos dentro da Casa da Dinda, a residência oficial na época.
Rosane disse que os trabalhos de magia negra eram encomendados pelo próprio presidente a uma feiticeira de nome Maria Cecília, e também envolviam a morte de animais. Rosane e Maria Cecília se converteram e hoje são pastoras evangélicas.
- Ela mentiu sobre os rituais. Depois do impeachment, passei a trabalhar para o casal, que estava insatisfeito com a Maria Cecília. Eu livrei a Rosane do processo da Legião Brasileira de Assistência (LBA).
Entre 1990 e 1991, Rosane foi acusada de desvio de verbas públicas quando presidia a LBA. Ela chegou a ser condenada por peculato e corrupção passiva no processo de compra de leite superfaturado.
Ralf Genary também afirmou que Collor nunca fez trabalhos para causar mal a outras pessoas.
- Ele apenas pediu que seus inimigos recebessem de volta o que fizessem contra ele. É a Justiça de Xangô. Agora ele tem dívidas espirituais para pagar.
Trabalhos de Collor em terreiro de Olinda
Pai de Santo desmente Rosane e diz que fazia magia negra
para ex-presidente a pedido da então primeira-dama
Publicação: 17/08/2012 08:54 Atualização: 17/08/2012 09:35 - [Clique Aqui]
Numa casa grande e decorada com imagens de santos e entidades da umbanda, na periferia de Olinda, um homem risonho, de meia-idade, abre a porta.
No interior da residência, Pai Ralf, nome usado por Ralf Genary nas sessões de atendimento espiritual, para em frente a um banner com uma foto onde ele aparece ladeado pelo casal Fernando e Rosane Collor, agora separado.
Ambos, ele reforça, antigos clientes do terreiro. Dizendo atender ordens da entidade espiritual Maria Padilha, ele procurou o Diário para negar que Rosane, hoje evangélica, tenha, no passado, sido apenas uma espectadora de sessões de “macumba”, obrigada pelo ex-marido.
Por muitos anos, ele garante, ela procurou os serviços do pai de santo em busca de poder e para se livrar de problemas com a Justiça. Os rituais envolviam a morte de animais e ocorreram entre 1993 e 1997.
Pai Ralf afirma ter sido procurado por Rosane para livrá-la de um processo de desvio de verba da antiga Legião Brasileira de Assistência (LBA), órgão do governo federal de caráter filantrópico presidido pelas primeiras-damas e extinto em 1995.
Após este primeiro caso, o pai de santo diz ter se encontrado pessoalmente com Fernando Collor e se oferecido para livrá-lo do processo penal por corrupção passiva que respondia na época.
Pai Ralf decidiu tornar o caso público após a entrevista dada por Rosane na TV, no mês de julho, quando ela detalhou os rituais e afirmou não ter envolvimento direto com as práticas de feitiçaria. Rosane briga na Justiça pelo aumento da pensão, de R$ 16 mil para R$ 40 mil.
Pai Ralf diz ter conhecido Rosane por intermédio de Suzana Marcolino, namorada de Paulo César Farias, tesoureiro da campanha de Collor à presidência e um dos pivôs do escândalo que levou o ex-presidente ao impeachment. “Na época em que Collor foi afastado, eu tive uma visão dele deixando a presidência e sendo atingido por ovos podres.
No mesmo período, fui atender em um salão de beleza de Maceió e conheci Suzana Marcolino, aquela que morreu com PC Farias. Ela disse que uma amiga de Rosane gostaria que eu fizesse uns trabalhos e então descobri que era a própria Rosane que queria meus serviços para absolvê-la no processo da LBA. Como pagamento, eu pedi para ajudar Fernando Collor, que estava na lama”, disse o pai de santo.
Rosane Malta, ex-Collor, fala de magia negra e gastanças em autobiografia
[Clique Aqui] - Dia 30/11/2014 02h00
"As pessoas vão saber quem é a Janja, essa garota feliz, de bem com todo mundo, de coração lindo, que ajudava a todos. E que foi atrás de um sonho e de um amor em que se jogou por completo." É assim que Rosane Malta, ex-Collor, refere-se a si mesma, usando o apelido de infância, para explicar a motivação de escrever a biografia "Tudo o que Vi e Vivi" (ed. Leya).
No livro de 222 páginas, que será lançado em Maceió no dia 4, ela narra a trajetória que a levou do sertão alagoano a Brasília, como a primeira-dama mais jovem que o país já teve. O "conto de fadas" começa em Canapi, sua cidade natal, onde Fernando Collor, então prefeito de Maceió, disse à debutante Rosane que era seu príncipe e "iriam se casar um dia".
Ficaram casados 22 anos, período em que ela viu e viveu a vertiginosa ascensão e queda do político. Rosane escolheu a descida da rampa do Palácio do Planalto em 2 de outubro de 1992, de mãos dadas com o marido, para abrir o livro. "Levante a cabeça. Seja forte", escreve ela, sobre o diálogo, quando Collor saía de cena, após a abertura do processo de impeachment.
O casal passou por várias provas. A primeira foi na lua de mel. A noiva dividiu o marido com amigos (o empresário Paulo Octavio e o empreiteiro Luiz Salles, da OAS, com as respectivas mulheres), convidados por Collor para acompanhá-los à Argentina.
Rosane relata rusgas com a cunhada, Thereza, casada com Pedro Collor, pivô das acusações que levaram à perda do mandato presidencial. "Acredito na tese de que os dois tiveram algo antes do meu casamento. Também não duvido que tenha sido por Thereza, por essa obsessão que ela tinha pelo cunhado, que Pedro resolveu destruir o próprio irmão."
Os advogados de Collor dizem que ainda não vão se manifestar sobre o conteúdo da biografia. Já Thereza diz que Rosane "é desacreditada e terá de provar na Justiça o que escreveu".
Foi o pai de Thereza, o usineiro João Lyra, que fez de PC Farias tesoureiro de campanha de Collor. Na função, ele reclamava dos "gastos da madame". Rosane diz que "não fazia ideia de que PC pagava as contas". "É claro que estava gastando mais! Uma primeira-dama do país gasta mais do que todas as outras!".
As críticas aparecem ao lado de elogios de Fidel Castro ("Esse presidente do Brasil é esperto. Arrumou uma esposa novinha e linda") e da princesa Diana. As duas se conheceram na entronização do imperador Akihito do Japão. "Ela é a mulher mais bonita da festa", teria dito Diana a Collor. A lua de mel no poder acabou com a crise por ela ter assumido a presidência da Legião Brasileira de Assistência.
Collor a confrontou: "Vieram me dizer que você está tendo caso. Pior: que você está grávida do seu amante". Ela teria respondido: "Já sei. O Luiz Mário [então chefe do cerimonial do governo do Distrito Federal]... Eu lá tenho chance de ter um caso? Sou vigiada 24 horas por dia".
O casamento passaria ainda por outros abalos. "Meu irmão caçula era danadinho", escreve Rosane, sobre Joãosinho Malta, que, aos 15 anos, matou um adversário político no interior de Alagoas.
Aprontaria de novo ao atirar em um sujeito que falou mal da irmã, então primeira-dama do país. O casal se unia em torno de rituais de magia negra. Rosane descreve o "trabalho" encomendado por Collor a uma mãe de santo alagoana para que o apresentador Silvio Santos não fosse seu concorrente à Presidência. "Consistia em colocar uma espécie de amuleto, que chamam de azougue, dentro da boca de sete defuntos recém-enterrados."
Animais eram sacrificados na Casa da Dinda. "Quando tudo acabava, ficava uma sujeira danada, sangue espalhado." Os jardins da residência presidencial foram motivo de escândalo na CPI do PC. "Havia uma cascata na piscina? Havia uma biquinha, uma coisa simples que colocamos ali e onde gostávamos de molhar a cabeça", escreve Rosane.
Tragado por denúncias de corrupção, Collor perde o mandato e Rosane se mostra uma companheira fiel no impeachment e diante das "maldições" dele decorrentes. Uma delas foi a morte de Pedro Collor, vítima de um câncer agressivo no cérebro.
O livro mostra os altos e baixos financeiros do casal. No exílio dourado em Miami, ela circulava em um Porsche. "E qual é o problema? Ter um Porsche no Brasil é difícil e caro, mas em Miami?!
Qualquer um tem." Quando Collor vendeu a mansão de Miami, abriu uma crise conjugal, pois teria combinado de dar metade do dinheiro para Rosane. "Ele passou a perna em mim sem pudores." Tempos depois, Collor teria vendido também uma casa de praia para "pagar a fatura do cartão de crédito", diz ela.
E os mais de US$ 50 milhões das sobras de campanha movimentadas por PC Farias? Rosane dedica ao tema o capítulo "Para Onde Foi Tanto Dinheiro?". Reproduz um diálogo dela com Collor, no qual ele reclama de Augusto Farias, irmão de PC, que estaria criando dificuldades para acessar a bolada.
E conclui: "Desde que reatou com Augusto, o patrimônio de Fernando aumentou muito, e a única explicação plausível é que ele passou a ter acesso à tal conta no exterior que o irmão de PC estava barrando".
Ela elenca sinais exteriores de riqueza do ex-marido, como automóveis esportivos das marcas Ferrari e Maserati. "Só os lucros de suas empresas e o salário de senador não seriam capazes de alavancar o seu padrão de vida." Em Maceió, diz ela, o ex teria oito ou nove carros.
"Entre os quais um Porsche zerinho. Tem carro para ele, os filhos, o papagaio, o periquito." No divórcio, ela não teve direito a bens, por ter se casado em regime de separação total. "É justo viver 22 anos com uma pessoa, construir patrimônio e sair sem nada?"
Rosane diz que encontrou paz ao virar evangélica. A fé a teria ajudado a superar a depressão, que começou com um aborto de uma gravidez de gêmeos, após tratamento com Roger Abdelmassih, então maior especialista em reprodução assistida do país, hoje condenado a 181 anos de prisão por crimes sexuais contra pacientes. "Doutor Roger era nosso amigo."
Apesar de ter passado por uma sequência de perdas - a morte dos dois irmãos, vítimas de diabetes, da mãe e do pai -, ela se considera "poupada" do mal que abateu os que cercaram Collor em seus anos de glória e queda.
"O mais interessante é que, tanto eu como a mãe de santo [Cecília], aceitamos Jesus e nos afastamos completamente da magia negra... Fomos as únicas que escapamos da tal 'maldição do impeachment'." Pode não escapar de responder na Justiça por trechos polêmicos da biografia.
"Não tenho medo de processo. Falei o que eu vi e vivi. Posso garantir que fui branda. Tem muitas coisas que ainda não contei." E avisa: "Pretendo escrever um segundo livro".
Os Tambores da África bateram forte ontem
pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva - (11/02/2006) - [Fontes: Clique Aqui e Aqui]
Os adversários políticos não tem nenhuma
chance, magia verdadeira garante vitória na maioria das vezes, ela ajuda bastante
Cidade de OUIDAH (Benin, África Ocidental onde se pratica a alta magia dos Zangbetos), (AG) - Os tambores da
África bateram forte ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se estava
preocupado com a urucubaca lançada pelos adversários no Brasil, (como disse
recentemente), ele pode ter saído do Benin, berço do vodu, com o corpo fechado para enfrentar a ferrenha disputa que se
anuncia esse ano (reportagem de 2006).
O presidente passou a tarde toda sendo reverenciado com orações e danças feitas
por feiticeiros vodus, líderes tribais e pelos descendentes de escravos
brasileiros que formam uma espécie de colônia de brasileiros em Ouidah, nos
arredores de Cotonou, capital do paupérrimo Benin (África Ocidental).
Todos os
preparativos para recepcionar e pedir proteção ao presidente brasileiro foram
feitos pelo “chachá” (Xáxá) Feliciano Julian de Souza, descendente e herdeiro do
milionário baiano Francisco Félix de Souza, o maior traficante de escravos do
país para o Brasil no século XVIII (esse
traficante aliás é Negro, diga-se de passagem...).
O ritual começou com Lula passando por cima de uma água muito limpa oferecida
numa cuia por uma menina de 11 anos. De um lado, três feiticeiros, chamados de
fantasmas vodus, dançavam e oravam por ele. (veja sobre os Zangbetos Clicando Aqui).
Segundo um líder local, são espíritos de pessoas mortas que voltam para
abençoar e fechar o corpo da pessoa homenageada contra tudo o que tem de ruim.
(veja mais sobre o assunto no link acima indicado). Do outro, um grupo de
africanos e africanas faziam a dança. Os beninenses adoram os espíritos vodus
como deuses, (Benin e Togo são as nações que praticam a mais alta magia da África,
depois vem Senegal).
Enquanto participava de uma solenidade na “Maison Chachá”, (Mansão do X´xá) uma
enorme construção inacabada onde ele mora com oito mulheres e 23 filhos, Lula
respondeu com um largo sorriso se tinha tido o corpo fechado com as rezas e
batuques.
Com a gargalhada, seguiu dançando no embalo de um grupo típico local
e de mulheres africanas que dançavam, batiam palmas e entoavam ritmadamente um
canto em que diziam: “brigado presidente Lulá!”. No final do dia Lula confessou
que deixava Ouidah mais leve.
- “Vocês estavam acompanhando o tempo
todo. Acho que até vocês estão mais leves” - disse o presidente. Em Ouidah
existem dois portais que se abrem para o mar. O primeiro se chama “Portão do
não-retorno”. Dali partiram milhares de escravos para o Brasil e para outras
partes do mundo.
O outro monumento se chama “Portão do Bom retorno” e é uma
referência aos escravos que conseguiram retornar. Ou aos que o corpo não
voltou, apenas o espírito. Lula depositou flores no primeiro.
Em seguida ele foi recebido na casa do vice-rei do Dahomé Julien de Souza, num
cortejo formado por suas oito mulheres e negros africanos que os protegiam com
duas tendas coloridas e bordadas. Tudo muito parecido com os hábitos dos
antigos reinos africanos.
O oitavo Chachá é reverenciado como o verdadeiro rei
pela comunidade local. É um poderoso senhor de terras e dono de uma fortuna de
U$ 51 milhões. Mas para não pagar imposto nunca pintou seu palácio. O primeiro
ato de Lula, entretanto, foi descerrar uma placa de inauguração da obra
inacabada.
Desta vez Lula não chorou nem pediu perdão pelo grande número de escravos
embarcados para o Brasil. Mas anunciou que seu governo faria tudo para ajudar o
Benin, na área de assistência médica, agricultura, cultural e educacional, com
o recebimento de jovens beninenses para estudar nas universidades brasileiras.
- “O Brasil deve muito ao povo africano. Muitos homens e mulheres livres foram
vendidos e comercializados como escravos na América. Lá, com sofrimento e trabalho,
ajudaram a construir o meu país.
Não adianta ficar só chorando o que aconteceu
no passado. É preciso construir o futuro. Nunca mais o Brasil voltará as costas
ao povo africano” - disse Lula, sendo aplaudido e ovacionado com os gritos de
guerra das famílias Silva e Souza presentes.
Em Ouidah, no Museu Histórico,
Lula inaugurou a exposição do antropólogo e fotógrafo brasileiro Milton Guran
sobre a comunidade de descendentes brasileiros no Benin. (Veja sobre a Alta Magia Praticada na África, e o fenômeno dos Zangbetos, Clique Aqui).
Collor - Sarney
- Lula - Dilma, todos adeptos do Ocultismo